Sr. Jorge, há 35 anos morando no Triâgulo |
Há
pouco mais de um mês, as interdições de trechos das rodovias federais 364 e 425,
em decorrência das cheias dos rios Madeira, Araras e Mamoré, deixando as
populações de Guajará-Mirim e Nova Mamoré isoladas do restante do estado e do
país, assim como, desabastecida de gêneros alimentícios, medicamentos e
combustíveis, também impossibilitando o translado de passageiros e doentes por
via terrestre, para qualquer região de Rondônia e do Brasil, já era motivo
suficiente de insônia e preocupação para qualquer cidadão destas duas cidades.
O que aparentemente não seria mais possível piorar - pasmem todos - terminou
por se agravar mais ainda em Guajará-Mirim.
As fortes
chuvas que caem nas regiões da Pérola do Mamoré e do Rio Beni (Bolívia), elevou
o nível do Rio Mamoré em 10 centímetros nos últimos quatro dias, desalojando inúmeras
famílias de suas residências, particularmente os moradores do bairro do
Triângulo. Também o Rio Lage, que corta a BR-425, entre os municípios de Guajará-Mirim
e Nova Mamoré, subiu seu nível substancialmente, invadindo trechos do asfalto,
dificultando o acesso dos moradores perolenses ao município de Nova Mamoré.
Av. Princesa Isabel, B. Triângulo, G. Mirim, 2014 |
Parece
mesmo os ‘sinais dos tempos’, ou ainda, para os mais incrédulos, “o fim da
picada”. À população pacata de Guajará-Mirim resta, definitivamente, ocupar
ruas, praças e instituições públicas, pacificamente, para reivindicar
cidadania, em especial o que preconiza o inciso XV e caput do Artigo 5º da
Constituição Federal de 1988: o direito de ir e vir e o direito à vida. Só
assim, protestando, talvez autoridades de Porto Velho e de Brasília ouçam o
brado desesperado da população destas paragens do poente, abandonadas à própria
sorte e aos desígnios da natureza.
Movimento S.O.S Guajará |
Abnegadas
pessoas, verdadeiramente preocupadas com a gravidade do problema (a Professora
Fátima, do Maylla Park Hotel; o ‘Argentino’, da Pousada Las Gardenias; e o Jorge, do Restaurante Panela de Barro), estão articulando
a sociedade para protestarem. É o movimento S.O.S Guajará.
Literalmente,
como afirma o velho adágio popular, ‘a água está batendo na bunda’ – e não é mais
só figura de linguagem. A hora é agora, o momento é este e a causa, periclitante,
nos empurra para ocuparmos ruas e praças, exigindo de nossas autoridades
(algumas delas patéticas e tontas), soluções urgentes para o bem-estar e
sobrevivência de nossa população.
Bairro Triângulo, Guajará-Mirim, 2014 |
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