quarta-feira, 12 de março de 2014

COM A ÁGUA ‘BATENDO NA BUNDA’



Sr. Jorge, há 35 anos morando no Triâgulo
Há pouco mais de um mês, as interdições de trechos das rodovias federais 364 e 425, em decorrência das cheias dos rios Madeira, Araras e Mamoré, deixando as populações de Guajará-Mirim e Nova Mamoré isoladas do restante do estado e do país, assim como, desabastecida de gêneros alimentícios, medicamentos e combustíveis, também impossibilitando o translado de passageiros e doentes por via terrestre, para qualquer região de Rondônia e do Brasil, já era motivo suficiente de insônia e preocupação para qualquer cidadão destas duas cidades. O que aparentemente não seria mais possível piorar - pasmem todos - terminou por se agravar mais ainda em Guajará-Mirim.

As fortes chuvas que caem nas regiões da Pérola do Mamoré e do Rio Beni (Bolívia), elevou o nível do Rio Mamoré em 10 centímetros nos últimos quatro dias, desalojando inúmeras famílias de suas residências, particularmente os moradores do bairro do Triângulo. Também o Rio Lage, que corta a BR-425, entre os municípios de Guajará-Mirim e Nova Mamoré, subiu seu nível substancialmente, invadindo trechos do asfalto, dificultando o acesso dos moradores perolenses ao município de Nova Mamoré.

Av. Princesa Isabel, B. Triângulo, G. Mirim, 2014
Parece mesmo os ‘sinais dos tempos’, ou ainda, para os mais incrédulos, “o fim da picada”. À população pacata de Guajará-Mirim resta, definitivamente, ocupar ruas, praças e instituições públicas, pacificamente, para reivindicar cidadania, em especial o que preconiza o inciso XV e caput do Artigo 5º da Constituição Federal de 1988: o direito de ir e vir e o direito à vida. Só assim, protestando, talvez autoridades de Porto Velho e de Brasília ouçam o brado desesperado da população destas paragens do poente, abandonadas à própria sorte e aos desígnios da natureza.

Movimento S.O.S Guajará
Abnegadas pessoas, verdadeiramente preocupadas com a gravidade do problema (a Professora Fátima, do Maylla Park Hotel; o ‘Argentino’, da Pousada Las Gardenias; e o Jorge, do Restaurante Panela de Barro), estão articulando a sociedade para protestarem. É o movimento S.O.S Guajará.

Literalmente, como afirma o velho adágio popular, ‘a água está batendo na bunda’ – e não é mais só figura de linguagem. A hora é agora, o momento é este e a causa, periclitante, nos empurra para ocuparmos ruas e praças, exigindo de nossas autoridades (algumas delas patéticas e tontas), soluções urgentes para o bem-estar e sobrevivência de nossa população.
Bairro Triângulo, Guajará-Mirim, 2014

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