Lula, entrevista à Carta Capital, imagem colhida na internet |
Bastou uma frase elaborada com pequeno deslize para milhões de brasileiros entenderem que não existirá mundo novo pós-moléstia, como muitos acreditam.
É unânime a tese de que a pandemia – que varre mundo –, mesmo sendo uma grande praga, teria força suficiente para redesenhar as relações de produção, de trabalho, de raça, de geração, de gênero, de estética e diversidade, reerguendo-as em pilares mais justos, igualitários, fraternos, e respeitosos. Ledo engano.
O Brasil sonhado pelo qual milhões de brasileiros índios, negros, mulheres, LGBT’s, portadores de deficiências, trabalhadores, crianças, jovens e idosos já tombaram em batalha, é uma construção que carrega quinhentos e vinte anos de luta sangrenta e, sempre que algum “abusadinho” da senzala ousa por a cara na janela, leva porretada dos capitães do mato a serviço da casa grande. E o que é pior: é assim desde quando o mundo é mundo.
A fala do ex-presidente Lula, equivocadamente construída, foi suficiente para que a direita fascista, a mídia oligárquica a serviço do capital predador, e a elite do atraso se alvoroçassem a lançar Lula nas fileiras da ultradireita do país, igualando seu deslize de construção gramatical, às falas insanas, misóginas, machistas, racistas, homofóbicas, xenofóbicas, preconceituosas e criminosas do capitão miliciano, quando todos sabiam o verdadeiro sentido da fala do metalúrgico.
Aplicação do Castigo do Açoite, gravura,
Jean Baptiste Debret.
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A oportunista elite do atraso, soberbamente posicionada acima de Deus, da pátria, das riquezas do Brasil, de tudo, de todos e da terra plana, “pegando o beco” para garantir a continuidade do golpe e se safar de sua grande “cagada” eleitoral (Bolsonaro, sua clã e a milícia), saiu na dianteira do deslize do petista, alardeando Lula como alma gêmea do presidente capitão, tentando tatuar na testa do metalúrgico, a peste de que "todo político é igual".
Frase mantra de eleitores que abominam a esquerda e que já votaram e tornariam eleger, se necessário, os “Fernandos” Collor de Melo e Henrique Cardoso, apoiaram o golpista Michel Temer, elegeram Jair Bolsonaro e, em seus feudos continuam elegendo como prefeitos de capitais, deputados estaduais ou federais, senadores da república ou governadores, por inúmeras vezes, Aécio Neves, João Dória, Geraldo Alckmin, José Serra, os Antônio Carlos Magalhães, dentre tantos outros almas sebosas da direita, e que hoje decepcionados com os rumos da política e do país, conduzidos por seus heróis e mitos infláveis, defensores e condutores do neoliberalismo, tentam tresloucadamente e mais uma vez destruir o maior nome da esquerda progressista latino-americana, para assim, juntamente com seus heróis de terracota, continuarem no comando de suas capitanias hereditárias e como mandatários dos vastos território da colônia Brasil.
Políticos não são os todos iguais. O campo politico divide-se em dois grandes blocos: direita (conservador e arcaico), e esquerda (progressista e de bem-estar).
Por exemplo, não há a menor semelhança entre as posturas de Eduardo Suplicy, ex-senador e o senador Flávio Bolsonaro; Flávio Dino, governador do Maranhão e Marcos Rocha, governador de Rondônia; as deputadas federais Benedita da Silva e Joice Hasselmann. Parlamentares do campo progressista comparados aos políticos tradicionalistas da direta são, ideologicamente, como água e óleo: não se misturam em ideias, práticas e projetos políticos.
Resumo da opera: a construção da fala equivocada de Luiz Inácio Lula da Silva NÃO o colocará na mesma estatura nanica de Bolsonaro – ou em mesmo nível político do Doutor Fernando Henrique Cardoso, ou de Michel Temer, só para ficar, comparativa e exemplarmente em dois nomes da direita atrasada e fascista do país.
Lula esta vivo, lúcido e forte no tabuleiro político. A esquerda pulsa e assombra o projeto neoliberal, esclerosado, injusto e que representa o pensamento da elite brasileira, retardada e perversa.
Não nos iludamos com "ouro de tolos": “quando tudo isto passar NÃO será erguido um mundo novo”.
Com certeza venceremos a praga e tudo passará, assim como já passaram pela história da humanidade as 10 pragas do Egito, a peste negra, a gripe espanhola e tantos outros males, levando milhões e milhões de vidas. Depois da pandemia, continuaremos com a eterna luta que o capitalismo impõe entre trabalho e capital, pobres e ricos, brancos, negros e índios, latifundiários e sem terra, centro e periferia, homens e mulheres, heterossexuais e homossexuais.
O que aconteceu esta semana com Lula é senha para manutenção de uma batalha sem fim.
“Ainda bem”.
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