Carnaval de Guajará 2016: Edilene Souza e Banda |
Se o brasileiro só trabalha depois da folia, fica a
pergunta: quem produz as maiores obras de cultura popular do mundo, do campo
imaterial, reconhecidas internacionalmente como ímpares, e que aflora por todo
território nacional no período carnavalesco? Certamente, nas visões de
preconceituosos, de conservadores e religiosos fundamentalistas são pessoas ‘desocupadas’,
‘pessoas que não tem nada sério para fazer’: artistas, artesãos e
artífices, gente vagabunda.
Há
algumas décadas passadas – não faz tanto tempo assim – atrizes do teatro de
revista deste Brasil eram fichadas nas delegacias de polícias como prostitutas,
vagabundas, com direito a ‘carteirinha de puta’ (vejam depoimentos da saudosa
Dercy Gonçalves). Sempre foi assim, ao longo da história, o artista popular é
um desocupado, assim como, seu produto de arte e o seu labor são produtos de
gentes desocupadas. Não conta como trabalho sério.
Carnaval de Guajará 2016: concurso de dança |
Aliás,
os trabalhos do carnaval para 2017 começam logo após o encerramento dos
desfiles dos GRESs e o pronunciamento do grêmio vencedor do certame deste ano.
Diretoria, carnavalescos, artistas, colaboradores e a comunidade dão início à
labuta para por nas passarelas de samba de todo Brasil, a ópera popular
carnavalesco do ano seguinte. É um trabalho de Hércules, árduo, delicado, para
quem acredita na arte e no artista – ou de vagabundos preguiçosos, para quem
odeia a cultura popular.
Na
festa carnavalesca de Guajará-Mirim de 2016 deu tudo errado – para os
preconceituosos, para os fundamentalistas religiosos e para autoridades
públicas e lideranças que não suportam a estética popular e a felicidade do
povo simples. Esperavam e torciam pela catástrofe. Desejavam a violência no
período momesco. Estavam na torcida do quanto pior melhor: tiros, facadas,
pedradas, brigas, mortes e muita violência, para assim, justificarem seus
discursos conservadores em desfavor da folia do povo e do carnaval popular.
Carnaval de Guajará 2016: grande pública se diverte |
Os
índices de violência da cidade não atingiram a estratosfera, como esperam
alguns. Mantiveram-se nos padrões de sempre, nos índices corriqueiros da urbe
mamorense. Para os céticos, consultem os boletins de ocorrências policiais, de
janeiro a janeiro, e comparem.
Carnaval de Guajará 2016: Lohanna Kawazak |
Pontuaram
todos os foliões que acreditaram na cultura popular e na força do carnaval de
Guajará-Mirim, ao prestigiarem o carnaval perolense, perpetuando assim, a
estética carnavalesca do povo brasileiro e a singularidade de nossas
manifestações culturais identitárias.
Carnaval de Guajará 2016: Bloco Resenha na Folia |
Carnaval de Guajará 2016: vendedores ambulantes |
Em
síntese, na folia momesca da Pérola do Mamoré venceu a força da cultura
popular. Venceram Rei Momo, o carnaval brasileiro e a folia carnavalesca de
Guajará-Mirim. Mais uma vez, venceu a estética do povo.
No
carnaval popular de Guajará-Mirim de 2016 deu tudo certo, para quem ama brincar
ou trabalhar no carnaval! VIVA A CULTURA POPULAR!
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