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(ao centro) D. Georgina, a matriarca do Boi Flor do Campo |
A
Comissão de Organização do XIX Festival Folclórico de Guajará-Mirim, evento realizado
nos dias 9, 10 e 11 deste mês, na arena do Bumbódromo da cidade, declarou a
Associação Folclórica e Cultural Boi-Bumbá Flor do Campo como a grande campeã do
Duelo na Fronteira, edição 2015.
A
última edição da peleja estética entre as duas agremiações de bumbás Flor do
Campo e Malhadinho aconteceu no ano de 2012. Em 2013 não houve festival e em
2014 foi realizada apenas uma singela mostra deste certame cultural que hoje é
o maior acontecimento de cultura popular do Estado de Rondônia.
Ao
longo da trajetória de sucesso do festival perolense, muitos foram - e
continuaram sendo - os percalços enfrentados pelas diretorias e colaboradores
das duas agremiações culturais, para colocar, a cada edição, o espetáculo artístico
na arena do bumbódromo.
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Evolução do Boi-Bumbá Malhadinho |
Bem
antes de os dois bois entrarem no espaço cênico de disputa, trava-se uma
verdadeira e ‘sangrenta’ guerra de valores (i)morais e olhares preconceituosos
em relação ao fazer artístico e a cultura do homem simples. Trata-se de peleja
desigual e impiedosa, em desfavor à estética e ao gosto artístico do povo
oprimido; uma luta encarada (e vencida) pelo artista popular, pelo artífice do
povo e pelos brincantes, anualmente, nos meses que antecedem o certame cultural
denominado por Duelo na Fronteira.
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Evolução do Boi-Bumbá Flor do Campo |
O
feroz e intenso duelo, de fato, não é travado em cena, na arena de disputa. O
combate brutal acontece nos corredores das repartições públicas do estado e do
município, e em segmentos civis da sociedade. Posicionam-se de um lado do
combate, brincantes, amantes e defensores da cultura e brincadeira de bumbá. E do
outro lado, entrincheirados, com sangue no olho, espumando pela boca,
portadores de discursos fundamentalistas e conservadores, os ostentadores da
hipócrita bandeira de defesa – a qualquer custo - da família, dos bons costumes
e dos valores morais. Engrossam as fileiras da hipocrisia e do discurso
preconceituoso, algumas autoridades alienadas esteticamente e culturalmente
analfabetas. Tais ‘autoridades’, fardadas de estremadas defensoras das normas
técnicas, da legalidade e do direito individual do cidadão, usam o rigor da
lei – valendo-se, por vezes, até de interpretações esdrúxulas - com o firme e
único propósito de cecear as manifestações culturais populares, tolhendo
também, de forma perversa, a genialidade criadora dos nossos mestres da cultura
popular, assim como, a satisfação estética de brincantes e amantes do folguedo
de bumbá.
É
uma luta desigual, descomunal e desfavorável ao patrimônio cultual imaterial do
povo brasileiro, colocando em risco de desaparecimento, por completo – o que é
pior -, traços peculiares da identidade cultual do caboclo guajaramirense.
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Sinhazinha da Fazenda (Neila Gomes), Boi Flor do Campo |
A
realização do XIX Festival Folclórico de Guajará-Mirim é, sem sombra de
dúvidas, o triunfo da cultura popular. É a vitória e a perpetuação dos traços
culturais identitários do povo beradeiro, de toda gente ribeirinha, dos
indígenas e do cidadão que mora em terras do Vale do Mamoré. É a vitória das
nações vermelha e branca e azul e branca, pois, no plano estético e artístico,
as espetaculares apresentações dos bois-bumbás Flor do Campo e Malhadinho
confirmam nossa singularidade cultural e nos afirmam como cidadãos brasileiros
portadores de discurso estético-cultural próprio.
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Sinhazinha da Fazenda (Olga Manuely), Boi Malhadinho |
A
realização do XIX Festival Folclórico de Guajará-Mirim é a vitória da força do
artista, do artesão, dos brincantes e da vontade da nossa juventude que amam
brincar de boi-bumbá e, ao fazê-lo, entram em contato com as linguagens
artísticas, desenvolvem habilidades em artes e se tornam cidadãos mais depurados
e sensíveis esteticamente.
A
realização do XIX Festival Folclórico de Guajará-Mirim é a vitória das potencialidades
de desenvolvimento da indústria do turismo cultural, do turismo de negócio, do
turismo ambiental e do turismo religioso em Guajará-Mirim, muito provavelmente
nossas únicas saídas para salvação da economia local e, desta feita, viés apropriado
para geração de emprego, de ocupação e renda, e de fortalecimento do comércio
e economia local e, assim, promoção de bem-estar social para todos.
parabens pela pagina alex tadeu
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