Praça Barão do Rio Branco, acervo Profa. Lílian Ferreira |
Praça Barão do Rio Branco, 2015 |
Luiz Alberto Gonçalves de Almeida, o Mecenas da Fronteira |
Ao contrário de épocas passadas, Luiz Alberto
não é grande comerciante ou banqueiro e, menos ainda, possuidor de título de
nobreza, ou se quer busca o reconhecimento da ‘fina flor da sociedade’ local. O
‘Mecenas Perolense’, que é funcionário público aposentado da antiga Centrais
Elétricas de Rondônia (CERON), conheceu Guajará-Mirim no ano de 1975 e, no ano
de 1985,veio morar na cidade Pérola do Mamoré, juntamente com sua família,
transferido do município de Colorado do Oeste, onde morava e trabalhava. Em
1992 foi novamente transferido, desta vez para Porto Velho, onde residiu até
1994. Neste mesmo ano Luiz Alberto retornou a Guajará-Mirim, permanecendo até
1997. Com a federalização da CERON, mais uma vez foi transferido para
Ji-Paraná, atuando também na região de Ariquemes, por mais de dez anos.
Branco (pasmem!), não é uma atividade desenvolvida a partir de um contrato licitado ou concorrência pública vencida por Luiz Alberto, como muitos podem concluir. Conforme informa o Mecenas da Pérola do Mamoré, que também é funcionário da prefeitura, lotado no setor de fiscalização, a empreitada começou da seguinte maneira: “Nós fizemos a revitalização da iluminação da Praça Dr. Mário Correia. Quando eu estive em Cuiabá, no Estado do Matogrosso, para participar do noivado de minha filha, eu fui ao museu (buscar informações sobre Guajará-Mirim e a Praça Barão do Rio Branco). Eu vi lá o decreto de criação de Guajará-Mirim. Não encontrei nada sobre a praça. Isto me despertou; e tinha um pessoal reunido, então fui conversando e pedindo contribuição de um e de outro e consegui arrecadar dois mil e quinhentos reais, um valor que, mais ou menos, deu para comprar o material de iluminação para revitalizar a Praça Barão do Rio Branco. Observei que a praça estava muito deteriorada. Então começamos a limpar e fazer um trabalho e outro”. Foi assim que Luiz Alberto Gonçalves de Almeida, o Mecenas da Fronteira, começou a laboriosa tarefa de restaurar a praça que registra parte da história de Guajará-Mirim, conforme constata nos antigos acentos dos bancos, nos quais estão gravados os nomes das famílias e casas comerciais que contribuíram com a construção da Praça Barão do Rio Branco.
Colaborador trabalhando na base do obelísco |
Luiz Alberto acompanha de perto o trabalho de restauração |
Obelisco, Praça Barão do Rio Branco |
No dia em que falamos sobre a Praça Barão do
Rio Branco, sobre patrimônio histórico e sobre a cidade de Guajará-Mirim (dia
30 de julho), uma quinta-feira, no meio da tarde, na própria praça, enquanto
Luiz Alberto realizava sua missão de Mecenas, perguntei-lhe sobre a
participação da prefeitura e da SEMCET (Secretária Municipal de Cultura,
Esportes, Lazer e Turismo), nesta missão: “a prefeitura tem colaborado com
muito pouco, cedendo uma mão de obra apenas (o vigia Francisco). Eu passei hoje
de manhã lá (na SEMCET), e o pessoal estava fazendo o cadastro do número do
SUS. Inclusive eu também entrei na biblioteca (virtual) do IBGE e lá tem várias
fotografias de Guajará antiga, inclusive da praça, uma vista parcial da praça.
Outra coisa que eu descobri é que o nome desta travessa aqui (entre a praça e o
EEEF Durvalina Estilben de Oliveira), que vai até a Praça Mário Correia, é
Travessa dos Arigós, coisa que eu jamais tinha conhecimento”, revela surpreso
Luiz Alberto.
Apesar da modesta participação da prefeitura
– cedendo um funcionário - empresários e comerciantes da cidade estão colaborando
para restauração da praça: “as contribuições acontecem da seguinte forma: a
gente vai antes e conversa com os empresários, pra saber se eles podem contribuir.
Por exemplo, o Said, da Comercial Obadias, agente conversou para ele colaborar
com a tinta para parte de alvenaria, e ele se comprometeu em doar. Fora outras
pessoas que tem contribuído com um saco de cimento, um saco de cal. A tinta do
piso foi colaboração dos meus amigos da ‘CERON’ e do ‘menino’ ali da Livraria
Arco-Íris (Alexandre), e também da própria loja de tinta”, rela o Mecenas da
Fronteira.
Em Guajará-Mirim, a população local tem por
hábito, jogar nos espaços públicos, particularmente em praças e canteiros
centrais, o lixo domestico e entulhos de obras e reformas, uma vergonhoso realidade
decorrente, muito provavelmente, do precário serviço público de coleta de
lixo. Aliás, além da sujeira abundante,
é fato que nas praças se “plantam mais quiosques” - para se vender cervejas – que
árvores. Para o Mecenas perolense, esta é “uma verdadeira situação calamitosa, constatar
a existência de tantos quiosques nas praças e passeios públicos da cidade, o
que imprime ao espaço urbano uma aparência de ‘currutela’ de garimpo”. E
continua: “a praça em frente à prefeitura, aquilo lá é uma vergonha. Hoje
existem vários modelos e padrões apropriados de lanchonetes para espaços
públicos. Há uma proposta muito interessante de lanchonete, construída a partir
da adaptação de contêineres. Ficam muito mais bonitas, mais aconchegantes, mais
higiênicas e, se for necessário, pode ser removida a qualquer momento. No
interior do Estado de São Paulo, por exemplo, várias prefeituras já proíbem a
construções em alvenaria, nas praças e outros espaços públicos, para abrigar lanchonetes”,
relata o dedicado feitor do bem.
A recompensa do trabalho que está sendo
realizado, para o Mecenas da Fronteira, não é financeira, mas sim, uma
satisfação estética, para deleite da alma e da memória: “é gratificante testemunhar
na reação das pessoas, uma alegria, uma satisfação ao se depararem com o espaço
histórico revitalizado, totalmente iluminado. Ficam sensibilizados ao verem
pessoas simples contribuindo com a preservação; ajudando com a sua mão de obra,
sua dedicação. Emocionam-se”, relata Luiz Alberto.
Luiz Alberto Gonçalves de Almeida |
Que o exemplo altivo de Luiz Alberto
Gonçalves de Almeida, o Mecenas da Fronteira, invada todos os corações, em
especial da autoridade pública, e nos inspire a cuidar melhor de Guajará-Mirim,
a cidade Pérola do Mamoré, um inegável patrimônio cultural de Rondônia e do
Brasil.
Parabéns pelo bom texto, que esclarece fatos importantes ligados às artes e cultura de nosso Estado.
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