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Escultura de Chaves, personagem infantil |
O artigo “Chaves e seu
Madruga: a Polêmica sobre os Artistas Autores”, publicado no jornal eletrônico
portalguajara.com e no blog Ariel Argobe: Cultura e Cidadania, no último dia 31
de março, dando conta da discussão sobre os verdadeiros autores da obra de
arte, agora parece transpor a fronteira da dúvida da autoria, avançando, tudo
leva a crer, para o autor do artigo que, segundo alegado por um dos leitores do
jornal citado, é possuidor de uma ‘mente fértil’, lançando suspeição sobre os
fatos narrados na matéria.
O crítico leitor – prefiro não citar nomes para não
fulanizar o debate – ainda observa sobre o exato gentílico de quem nasce na
Pérola do Mamoré: guajaramirense. Sem titubear, afirma que mamorense é quem
nasce no município de Nova Mamoré. Quem nasce no Município de Nova Mamoré é
nova-momorense. Vou deixar barato este deslize do leitor colaborador.
No artigo busquei explorar, além da relevância e beleza
do objeto artístico, também um sentimento muito comum e absurdamente nocivo a
todos - no meu entendimento –, reinante nas discussões públicas aqui travadas:
a “pedagogia do auto-ódio”.
A “pedagogia do auto-ódio” tem como regra rígida
desprezar, depreciar e desqualificar tudo o que é local; tudo que é aqui
produzido; tudo aquilo que traduz e afirma a inventividade, o jeito e o estilo
de ser, a identidade cultural do homem amazônico. O “puro, o melhor, o
verdadeiro, o diametralmente oposto à essência local vem de foro”, acreditam os
defensores desta ideologia.
De maneira geral, a “pedagogia do auto-ódio” não é discurso
claro e explícito. A mensagem é sempre subliminar; é dita nas entrelinhas.
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Irmãos Kbral e Ednart Gomes, artistas plásticos |
Voltemos
ao posicionamento e fala do leitor colaborador que, em seu comentário se refere
produto artístico dos irmãos Gomes – para mim geniais – como ‘bonecos’. Protesto
e afirmo: não são meros ‘bonecos’, mas sim obras artísticas legítimas e
genuínas, em esculturas, que tem como técnica de construção cimento, areia,
vergalhão e tinta. Classificá-las de ‘bonecos’ é depreciar o produto artístico
e os artistas produtores. É rebaixar, deliberadamente, a arte e o artista
amazônico (para não dizer artista mamorense, evitando assim, descontentamento).
Classificar
as esculturas assinadas por Ednart e Kabral Gomes de ‘bonecos’ é prática
depreciativa - consciente ou não - própria dos adeptos da ‘pedagogia do
auto-ódio’. Pergunto-me: será que o leitor colaborador que atribuiu rotulagem desqualificadora
à arte e ao artista local, também designaria a escultura representando Davi, do
genial artista renascentista Michelangelo, de ‘boneco’? Certamente não.
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Michelangelo Buonarroti, artista renascentista |
Muito
provavelmente defenderá arte ‘oficial’ produzida no velho mundo, como sendo
arte com “A” maiúsculo, o que de fato é. Porém, relegar nossos objetos
artísticos ao patamar de ‘bonecos’, aí é assumir o discurso estético opressor
do colonizador cultural. Impor tais princípios é assumir-se ser sem traços culturais
identitários regionalizantes; é dispir-se de elementos culturais locais,
singulares, próprios e necessários para distingui-lo de outros povos.
Ainda
sobre as afirmações equivocadas do leitor colaborador, esclareço que ao longo de
mais de três decas de serviços prestados na condição de agente público, jamais
foi comandado por ‘chefe’. Quem segue chefe é falange de criminosos. Sempre
trabalhei em equipe, liderado por pessoas que tinham clareza do projeto a ser seguido
e dos objetivos a serem atingidos.
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Escultura de Davi, Florença, Itália |
Durante
os oito meses fiz parte da primeira equipe de secretários municipais do
Prefeito Dr. Dúlcio Mendes, e destaco no mesmo, enquanto ser, pessoa de fino trato
e educado. Porém, no campo ideológico e partidário, marcamos posições
extremamente opostas, o que inclusive, fortalece a democracia, refina os de
bate político e estabelece arenas de discussões necessárias entre o ente
público e a sociedade.
Não
posso encerrar esta reflexão sem antes agradecer a oportunidade criada a partir
das opiniões postadas na mídia eletrônica local, se reportando ao artigo que
versou sobre as esculturas dos irmãos Gomes, o que possibilitou estabelecer
debate relevante, democrático e republicado, resultando em contribuições (no
meu entendimento), para apuramento da nossa educação estética e política.
Para
finalizar, quero reafirmar que os grandes avanços da humanidade, as incríveis e
geniais invenções que transformaram todos os campos do conhecimento humano – e destaco
particularmente as revoluções no campo das artes e na medicina – tiveram antes,
a dedicação laboriosa de grandes mentes férteis. Sem falsa modesta, muito
obrigado.