PIRANHAS
INVADEM AS RUAS DE GUAJARÁ
Bloco das Piranhas, Guajará-Mirim, Carnaval 2013 |
Na segunda noite de desfile dos blocos carnavalescos
de Guajará-Mirim, ocorrido nesta última terça-feira, 12, o público assistiu
pela segunda vez, ziguezagueando pela Passarela do Samba da Pérola do Mamoré, um
dos mais tradicionais e reverenciados exemplares do patrimônio cultural
imaterial da urbe mamorense: o popular folguedo de sujos “Bloco das Piranhas”,
uma sociedade carnavalesca que invade a alma de todos os foliões guajará-mirenses, súditos do Rei Momo.
O Bloco das Piranhas foi criado no ano de 1986, por
um grupo de amigos que tinham por hábito curar a ressaca do carnaval no
Restaurante da Marli Falcão, localizado na Rua D. Pedro II, Centro, já
descambando lá pras bandas do Rio Mamoré, saboreando uma deliciosa moqueca de
peixe. O restaurante não existe mais e sua proprietária, D. Marli, hoje mora no Município de
Rio das Ostras. O que sobreviveu ao tempo foi o Bloco das Piranhas criado em
seu restaurante.
Michele Chama (Rainha do Bloco) e Eder Cury (Presidente) |
Dentre os seus principais fundadores, figuram
personagens populares da boemia de tempos atrás da Pérola do Mamoré,
destacando-se, dentre eles, Eder Cury (Presidente do Bloco), Carlinhos Gordo,
Bodó (primeira Rainha do Bloco), Cearazinho, Tanaca, Mário, Michel Chama (hoje
Rainha do bloco) e Angel, primeira criança a desfilar no Bloco das Piranhas.
O nome da agremiação carnavalesca - Bloco das
Piranhas - foi uma forma de render justa homenagem a um dos mais antigos blocos
do município, que há muito tempo deixou de se apresentar no carnaval da cidade,
denominado de “As Virgens do BN (Boca Negra), boêmica região da cidade em anos
passados, local também apelidado de Bairro dos Namorados (BN).
Sem sobras de dúvidas, hoje o irreverente Bloco das Piranhas é símbolo máximo da folgança carnavalesca da Pérola do Mamoré e traduz a mais pura ideia de inclusão sócio-cultural, uma vez que para participar do bloco, basta travestir-se de mulher, com roupas da mãe, da irmã, das primas, da namorada, da amante ou de alguma amiga.
O bloco reúne em seu cordão momesco,
marmanjos de todas as idades, de todos os credos, da direita e da esquerda
política, do centro e da periferia, ricos e pobres, negros, brancos, índios,
brasileiros e bolivianos. É o mais legítimo e democrático patrimônio cultural
imaterial dos foliões de Guajará-Mirim.
Brincantes do Bloco das Piranhas |
Perpetuar este bem cultural depende apenas da alegria
de todas. Da empolgação e participação de centenas e centenas de guajará-mirenses
que no domingo e na terça-feira de carnaval, sorrateiramente invadem o
guarda-roupa das mulheres e, vestidos mal-arrumados e abrutalhadamente
femininos, seguem este popular cortejo do Rei Momo do Rio Mamoré, pulando tresloucadamente.
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