terça-feira, 29 de maio de 2012


DIÁRIO DE GUERRA: FÚRIAS DE BUMBÁS E A PROVIDÊNCIA PACÍFICA DO DIVINO

Neste último sábado e domingo, 26 e 27 de maio, encerram-se as celebrações religiosas da tradicional Festa do Divino da Pérola do Mamoré, com a realização da cerimônia do levantamento do Mastro e de um grande arraial montado no pátio da Igreja dedicada ao Divino.

Na reta final, a festa do Divino de Guajará-Mirim reúne por volta de duas mil pessoas, entre romeiros e visitantes, seguidores fiéis desta tradicional atividade religiosa e turística realizada em terras da Pérola do Mamoré.

Havia me preparado para explorar ao máximo os festejos do Divino de Guajará, ‘clicando’ tudo que passasse pela frente das lentes da objetiva, de forma que fosse possível contribuir, dando mais e maior visibilidade para o Divino da Pérola.

Nem tudo sai como o planejado. No sábado estive na Igreja do Divino, localizado no bairro São José. Fique surpreso com a quantidade do público ali presente. Com a objetiva, fiz vários flagrantes da festa e da devoção do povo ao Divino.

Domingo, 27, foi o último dia desta grande festa religiosa. Separei a máquina fotográfica, caneta e bloco de nota para colher o máximo de informações durante o acompanhamento da procissão que eu pretendia fazer de bicicleta, enquanto efetuava o registro do cortejo do Divino, que percorreria por algumas ruas da cidade.

Porém, minutos antes da hora marcada recebi uma convocação para participar de uma missão delicada, envolvendo artistas e diretores do Boi do bairro Tamandaré. A ação era simples: encerramento de contrato rompido entre artista e a agremiação vermelha.

A negociação, que parecia ser simples, ganhou moldura tensa, nervosa e demorada. Aos poucos, a conversa descambou pelas veredas obscuras das acusações, das baixarias, do bate-boca e da lavação de roupa suja.

O artista com o qual se negociava, em um impensado rasgo de atitude emocional, resolveu convocar para sua defesa, a Diretoria do boi contrário que em pouquíssimos minutos chegou e entrincheirou-se em frente da residência onde se dava o embate dialógico.

 E foi assim que se compôs o cenário de guerra: de um lado, sitiados dentro da residência estavam a Presidente, eu e o filho da ex-presidente do bumbá vermelho e branco, acompanhados do artista rebelado, sua auxiliar e amigos. Do outro lado, ferozmente entrincheirados, a titular do exército Azul e Branco e seus fieis escudeiros, bravejando farpas dos mais variados calibres e ameaçando invadir a residência.

O clima era hostil, de combate feroz. Sem brincadeira nenhuma, o cenário de pré-guerra começou me deixar nervoso. Um calafrio ziguezagueava todo meu corpo. Nunca tinha estado antes em um front de batalha. O que fazer? As negociações por mim intermediadas, para retirada pacífica de todas as tropas, tanto do lado vermelho quanto do lado azul, foram em vão. Falharam.

O termômetro subia a cada minuto. Estávamos em desvantagem numérica, mesmo considerando um reforço em nossas tropas, enviado de última hora, para nos socorrer: três bravos soldados da flâmula vermelha. Dois tão magrelos que, somados seus pesos deveriam chegar em 80 quilos, no máximo. O outro baixinho e buchudinho. Não sei se seria possível enfrentar o inimigo com êxito, pelejando com um exercito deste calibre: dois pinguços e um cara de carola. Porra!

Foi quando, repentinamente, tive a ideia de recorrer ao Divino. Pedir sua intercessão. Queria saí dali vivo, inteiro. Não pensei duas vezes e fiz minhas promessas.

Não quero nem saber se ano que vem, ao final da procissão do último dia das celebrações do Divino, se terei ou não as rótulas dos joelhos, de tanto esfrega-los no chão: antes com a perna dura do que morto.

Queria o fim do conflito armado. Sair-me daquela enrascada, de preferência inteiro, nem que para isto tivesse de fazer algumas concessões, entregar alguns anéis e dedos, negociar o que fosse possível, inclusive o que você esta pensando, caro leitor. Não seria a primeira vez, na história da humanidade, que a paz se selaria na alcova.

Minhas preces, por vias tortas, foram atendidas. O Divino me ouviu e me mostrou uma saída, clamei!

Por alguns minutos, a armada azul e branca se retirou do cenário de guerra, indo combater em frente ao Palácio Residencial de nossa presidente. Neste momento articulei um discurso e convenci nossa tropa se retirar do interior da residência, o que foi feito.

O final desta história, caros leitores e amantes da brincadeira de boi-bumbá, é que as duas diretorias foram parar na Delegacia de Polícia, registrando ocorrência contra a sua respectiva agremiação arquirrival.

Resumo da ópera: depois de muito bate-boca, chiliques e nervosismo, o fato é que ninguém invadiu residência nenhuma e nem ninguém esbofeteou ninguém. Entre mortos e feridos, sobreviveram todos. Vale, então, o dito popular: passarinho que come pedra sabe o cú que tem!  
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5 comentários:

  1. é uma pena tudo ter acontecido dessa forma. Isso mostra realmente o verdadeiro lado obscuro das pessoas, pessoas sem caráter algum. Virou bagunça esse festival de Guajará. Qualquer um pode fazer o que quiser, na hora que quiser, e como bem entender. Não é por ai, tudo tem limites. Esses não podemos chamar de "profissionais" de forma alguma, pois nessas horas que realmente percebemos como se portam perante situações nas quais deveriam ser os "profissionais" Baixaria é algo que o contrário sabe muito bem fazer pelo visto.

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  2. Infelizmente, de onde vejo, acho que este festival será marcado por um clima de bate-boca. Todos os ingredientes favoráveis para este fim já estão postos no tabuleiro do jogo baixo. Agora – me parece – é só mexer as pedras.
    Acho que temos que realizar uma assembléia para discutirmos estratégias para evitarmos entrarmos em jogo que não favorece o engrandecimento do festival. Não vale a apena, pelo menos para mim, se a via for do conflito pessoal e não estético.
    Vamos torcer por muita luz no caminho de todos.

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  3. Um evento de tal grandiosidade sendo preparado por pessoas tão vis (me refiro aos azuis proclamadores de guerra).
    Agora me pergunto: qual o preparo emocional estas pessoas têm para encarar uma competição na arena? Nenhum. Será, q este ano, terei que assistir ao espetáculo com coletes a prova de bala??
    Digam o q diserem do Cleiton Lopes, ele nunca iria perder tempo com esse tipo de situação, estaria sim correndo atrás de recurssos para o seu boi ao invés de se metendo em situações particulares.
    Se o Léo eu fosse, vergonha eu teria.

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    1. Ai ai ai, Cleiton pra lá, Cleiton pra cá. Agora o Cleiton passou de lobo mau a cordeirinho. ACORDA povo!!!! Lembrem-se de quando ele era o nosso rival na arena. Não entendo o porquê desse amor repentino pelo Cleiton. Lembrem-se que existe uma decisão judicial afastando-o da diretoria, que com certeza por boa coisa não é. Agora nossa nação ao invés de se preocupar com a nossa apresentação fica comprando brigas e se bandiando pro lado desse Cleiton. Deus me livre!!!! É muita falta de vergonha na cara, credo!!!!!

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  4. é por muita falta de informação e de senso critico e real que algumas pessoas distocem os acontecimentos a briga que houve e esta foi muito bem descrita aqui no blog, não tem nada haver com o Cleiton ou com a antiga diretoria tal qual o Cleiton nem fazia parte, mas sempre foi um amante incondicional do boi bumbá te os que unir forças é para engrandecer o festival em nossa cidade que ja anda muito esquecido ou lembrada só por episodios sujos, então não importa que lado estejamos vermelho ou azul o mas valioso disso é usarmos a razão e ver q a atual diretoria do azul não tem o minimo de competencia e ética para tratar de assuntos que envolvam o festival só anda fazendo baxaria e confusões

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