Diretoria e brincantes do GRES Asfaltão comemorando o título de campeã |
No último domingo, dia 26, foi realizada nas dependências do Mercado Cultural, a apuração do desfile das escolas de samba de Porto Velho, que se apresentaram na Passarela do Samba Édson Fróes, sábado, dia 25, e início da madrugada de domingo.
Nos últimos quatro anos, a apuração dos mapas de avaliação era um acontecimento recheado por muitos tumultos, brigas, acusações, desconfianças, palavras afrontosas, injurias, tabefes, chutes, boletins de ocorrência policial e tudo mais de descompostura que uma boa baixaria requer.
Invariavelmente, após a Comissão de Apuração do resultado do carnaval anunciar a agremiação campeã, o Presidente da FESEC era retirado do espaço sob a proteção da Polícia Militar ou, de outra forma – aplicando o plano ‘B’ -, desaparecia do recinto, empreendendo espetacular fuga planejada pela empresa de segurança contratada pela Federação para garantir a integridade física do dirigente da FESEC.
Enart, Breno, eu e Renato em descontraído passeio pelo centro da cidade. |
Porém, naquela manhã de domingo havia algo diferente pairando no ar. Algumas das pessoas ali presentes não acreditavam na civilidade de determinados brincantes e torcedores que, ao longo da história da apuração do resultado do nosso carnaval, sempre se comportaram como feras temidas, ferozes e famintas.
Logo pela manhã, brincantes, ritmistas, foliões, admiradores e curiosos se instalaram na Praça Getúlio Vargas, para acompanhar a apuração.
A conferência foi rápida. Por volta de uma hora e trinta minutos o Presidente da Fundação Iaripuna, Altair Santos Tatá, anunciou a Escola de Samba Asfaltão como a grande vencedora do carnaval de 2012.
A comunidade carnavalesca do pavilhão amarelo e preto finalmente pode comemorar o título que vinha perseguindo nestes últimos quatro anos.
O título de segundo lugar foi para a Escola Os Diplomatas do Samba. Na terceira posição ficou a São João Batista e na quarta colocação ficou a Rádio Farol, que retorna para o grupo de acesso.
Eu, Renato, Dayna e Breno na Praça da E.F.M.M. |
No grupo de acesso, a escola de samba Armário Grande foi a grande campeã e volta ao grupo especial. A agremiação Império do Samba, também do Grupo de acesso, foi desclassificada, conforme prevê o regulamento do carnaval, em razão do atraso de uma hora e meia do seu desfile.
Pela primeira vez, nestes últimos anos, após se anunciar o resultado da apuração do carnaval, o clima era só de comemoração, alegria e celebração do título.
As velhas, irracionais e imbecis acusações de roubos, alegações de trapaças, afirmações insanas de jurados que foram comprados para favorecer determinada agremiação, felizmente, não ocuparam a cena da comemoração festiva que acontecia em clima de paz, em plena Praça Getúlio Vargas.
Eu, passeando de barquinho pelo Rio Madeira |
As escolas que se posicionaram em segundo, terceiro e quarto lugares cumprimentaram a campeã, de forma muito madura, elegante e equilibrada. O sentimento da inveja cega e torpe não pairou sobre o resultado. Nenhum Presidente saiu aos gritos, histérico, bradando o confisco de um título que já era seu.
Particularmente, enquanto aguardava o anuncio da campeã, preparava-me para um tsunami de baixaria invadindo o Mercado Cultural, da mesma forma como havia acontecido em anos anteriores.
As costumeiras acusações de falcatruas, de roubalheira explícita, de injustiça absurda e as mais lunáticas teses de conspirações e golpes covardes contra o carnaval das escolas não agraciadas com o título de campeã, este ano ficaram de fora, após o anúncio do resultado.
O olhar de perplexidade de muitos era expressão geral, não por conta do resultado da apuração que consagrou a escola vitoriosa, mas com o clima de celebração tranquila, regada por paz absoluta.
Breno, Dayna, Eu e Renato fazendo uma 'boquinha' na Feira do Porto |
Os vários diretores presentes, brincantes e torcedores das agremiações vencidas, no momento do anuncio da campeã, aplaudiram o resultado. Não houve protestos e nem agressões. Ninguém se sentiu ameaçado fisicamente ou agredido na intimidade. Absolutamente ninguém, seja da Comissão Julgadora, seja da Apuração ou da Diretoria da FESEC, desta vez, não foram acusados de ladrões, ao se promulgar o resultado.
Resumo da ópera: para vencedor e vencidos, este é um resultado acima de qualquer suspeita. Um resultado justo, honeste, ético e digno.
Particularmente, senti-me tão seguro que, após se anunciar a campeã, foi fazer um passeio turístico pelo centro histórico da cidade de Porto Velho.
Despreocupadamente, na companhia de alguns amigos, almocei no tradicional Restaurante Almanara, visitei a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, passeei de barquinho pelo Rio Madeira, visitei a Praça das Caixas d’Água e a exposição de artes plásticas coletiva da Casa de Cultura Ivan Marrocos e, para finalizar, foi fazer uma ‘boquinha’ na Feira do Porto.
Na Casa de Cultura Ivan Marrocos, contemplando uma obra de Rita Queiroz |
Durante este agradável percurso turístico, foi me encontrando com alguns amigos que, pasmos, me perguntavam se era eu mesmo que esta a ali, tranquilo, despreocupado, passeando.
Sim, era eu mesmo, desfrutando das belezas da cidade, em uma linda tarde de domingo. Não me sentia ameaço de agressões física ou moral por parte de algum brincante ou torcedor descontente com o resultado do carnaval de Porto Velho.
Não era só uma caminhada descontraída e de puro lazer, mas também um passeio acompanhado de muita reflexão e análise sobre os frutos colhidos a partir de um trabalho sério, realizado pela FESEC, em parceria com as equipes da SECEL e da Fundação Iaripuna, em prol da revitalização do Carnaval de Porto Velho, das nossas escolas de samba, da nossa identidade cultural e de nossos mestres da cultura popular.
Para quem avista longe, sem medo de olhar muito além do ‘arco-íris’, muito provavelmente consegue avistar um resultado bem acima de um título de campeã. É possível constatar que o projeto de revitalização da estética e da criatividade do carnaval popular das nossas escolas de samba tem avançado.
Para vislumbrar este novo contexto do carnaval da cidade é preciso fechar os olhos para sonhar e ousar. “Só não vê os avanços quem tem os olhos abertos e perdeu a capacidade de sonhar”.
Que dia agradável aquele!
Na Praça das Caixas d'Água |