sexta-feira, 10 de setembro de 2010

PARADA GAY - É fácil julgar um caminho como tresloucado, difícil é participar dele ativamente – Por DJ Revanche

Na sexta-feira anterior à parada do orgulho LGBT, a imprensa online aventurou-se em apresentar à sociedade um retrato do movimento que não condizia com a realidade, um artigo escrito pelo “Aluno do curso de História e Músico” Victor Gabriel. Traduzindo as palavras de uma banda de rock americana, tudo que existia, segundo as palavras do mesmo, era “desordem, desordem, desordem”. O argumento usado, ipsis literis, foi de alguém que vinha “acompanhado por meio de informações esporádicas e de bastidores” e que havia tomado “conhecimento parcialmente da programação”, ou seja, alguém que sequer tinha conhecimento necessário para afirmar o que dizia em suas palavras.

Fazer uma análise profunda baseado na superficialidade do conhecimento que se tem sobre determinado assunto, é, no mínimo, equivocado. Quanto mais algo tão complexo quanto é a parada do orgulho LGBT. Alguém que não conhece a luta que é, todos os anos, a contragosto de muitos que não gostariam de ver a parada sendo realizada, colocar em plena Avenida 7 de Setembro, milhares de pessoas e mostrar ao público em geral que a população envolvida em relações homo-afetivas não é mais minoria, mas sim uma grande parcela da população que deve ser respeitada pelo que representam como seres humanos, não é fácil.

Um pensamento peculiar, externado pelo autor do artigo, foi o de fazer o teste rápido de HIV. Enquanto grande parte da população sequer sabe que ele existe, e que isso evitaria quem a própria doença se propagasse, foi dito que fazer o teste associaria a doença à população LGBT. Algo que não condiz com a realidade, e mostra a caducidade de pensamento do jornalista, que ainda vive as idéias da era Reagan, onde, por absoluta ignorância por parte da população, associavam a AIDS ao homossexualismo e a taxavam de câncer gay, e hoje sabemos que não é verdade isso, e que a doença afeta qualquer pessoa independente da sua opção sexual. AIDS condiz com falta de precaução no ato sexual e no compartilhamento de objetos que façam manipulação de fluídos entre pessoas. Aparentemente, falta conhecimento ao autor do artigo, que trata o público LGBT como vítimas, e não como cidadãos. A única coisa que vitima esse público é a ignorância e o pensamento carcomido por uma autocomiseração onde tudo e todos são inimigos da causa. O público não é inimigo da causa LGBT. A auto-piedade, sem sombra de dúvidas, é.

Algo incrível que se nota no artigo citado, são os ataques desnecessários à semana da diversidade, e aos seus organizadores. Chamar aqueles e aquelas que lutam por um mundo de igualdade de “catitas” é injusto e arrogante, assim como também é irracional julgar os expoentes que abrilhantam o movimento. Não se sabe quem seriam os profissionais relevantes na concepção do autor, mas sem dúvida, para o público LGBT, Porto Velho viu a fina flor do movimento. Djs de boate de quinta categoria e outros profissionais irrelevantes como disse o autor do artigo, foi algo que não se viu na parada desse ano. A começar pelo DJ oficial da parada, o DJ Revanche, que está desde a primeira realização do evento, e que gravou inclusive, um DVD dentro da parada e voltado para o público. 8 anos participando de um mesmo evento, significa consolidação de alguém que abraçou uma causa como sendo sua, realmente vestiu a camisa, independente dos ganhos pessoais que isso venham a ocasionar.

Vestir-se uma causa como se fosse a sua própria, ao contrário do autor do artigo que afirmava ser homossexual assumido, tem muito mais a ver com os resultados que se propagam por se fazer parte dela que ser filho da causa em si. Não é por ser artista, que a arte deixa de ser medíocre. Mediocridade se estampa quando se questiona algo sem fazer nada por isso. E o Dj Revanche, sem dúvida, poderia abandonar a causa, afinal, enfrentar o preconceito de grande parte de seu público de 21 anos de carreira por uma causa que, na lógica do autor do artigo, não é dele, só pode significar total apego a causa. E sem dúvida seu estilo e repertório agrada a todos, tanto que já é tradicional no Clube dos Amigos do Flashback, festa dos estudantes, na parada LGBT, e em festas tradicionais do interior de Rondônia e no Amazonas e outros estados como Amapá, Acre e Mato Grosso. Desconhecer isso, mostra o quanto o autor do artigo desconhecia o poder de barganha que a parada do Orgulho LGBT e o movimento organizado pelo Grupo Gay de Rondônia tinha em mãos.

Um ato singular também mostrado no artigo citado, é o fato de escrever contra a parada um final de semana antes do seu acontecimento. Desejar o fracasso da mesma antes mesmo de ela acontecer, é intrigante, e denota uma frustração com algo como se tivesse sido excluído de ser a bola da vez. Mas o movimento é para pessoas que demonstram alegria de viver, e não permanente frustração. Chamar de Parada Carnavalesca um movimento que é singular pela sua beleza e colorido é, nas palavras do próprio autor “(in)responsável” . É notório que a parada do orgulho LGBT, de Boston à São Francisco, de Paris à Milão, de São Paulo à Porto Velho, é um evento colorido e festivo, e o discurso ideológico não é algo fastidioso, e sim algo implícito em cada um dos participantes.

O discurso não está nos microfones. Está no olhar e na personalidade de cada um que tem a audácia de encarar o preconceito e mostrar aos milhares de observadores que não existe nada errado em ser homossexual, mas sim em discriminar o homossexual. Como diria um cartaz em uma parada passada, na Carolina do Norte, “A parada do Orgulho gay nada mais é que uma celebração do Amor” (The Gay Pride’s Celebrate the Love, no original). Falta muito disso. De se celebrar o amor. Perde-se muito tempo escrevendo artigos inúteis, ao invés de somar com aqueles que estão à frente. E isso só faz aumentar o preconceito , ao invés de estirpá-lo.

(Quinta-Feira , 09 de Setembro de 2010 - 9:45)

Um comentário:

  1. será que entendi bem o DJ é que organiza a Parada? nossa cara! que que é isso!!!

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