sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

CARNAVAL: DIREITO DE TODOS, OBRIGAÇÃO DO ESTADO E FATOR DE DESENVOLVIMENTO LOCAL



Entrada da festa de Momo em Guajará-Mirim
O direito ao acesso ao bem cultural, além de constar no rol dos direitos humanos previstos expressamente na Declaração Universal de Direitos Humanos (1948), no Brasil encontra-se devidamente garantido na Constituição Federal de 1988: “Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”. Garante o § 1.º do artigo acima citado: “O Estado protegerá as manifestações das culturas populares (grifo nosso), indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.

O carnaval é um dos festejos de maior envergadura plástica popular do Brasil e sua relevância enquanto elemento identitário do povo brasileiro é inegável. Trata-se também de festejo nacional altamente democrático, vez que une a todos em uma mesmo espaço social: brancos, negros e índios, ricos e pobres, homens e mulheres, heterossexual e homossexual, jovens, idosos e portadores de necessidades especiais, centro e periferia.

A Prefeitura de Guajará-Mirim cancelou a programação oficialmente do Carnaval popular de 2016 que, segundo as alegações do chefe do executivo municipal, se deu por falta de recursos e em razão das secretarias de Saúde e Educação serem prioridades neste momento de crise.

Arrisco afirmar que o cancelamento das atividades festivas oficiais da Corte de Rei Momo, não só em terras perolenses, mas também em todos municípios onde não haverá carnaval, é muito mais falta de vontade e criatividade da autoridade pública, que mesmo falta de recursos financeiros.

Estrutura da empresa MS Sonorização
Em todo Brasil, alguns prefeitos adotaram como medida ‘simpática’, a não realização do carnaval popular oficial, visando, desta feita, atender e agradar setores fundamentalistas e preconceituosos da sociedade, que fazem pressão junto à autoridade pública, e que vêem o carnaval como festa demoníaca, esbanjadora da promiscuidade e antro de devassidão. Neste sentido, a autoridade responsável pela gestão do carnaval – entendendo carnaval como cultura, patrimônio nacional e traço identitário e singular do povo brasileiro - ignora as potencialidades das manifestações culturais populares como geradoras de oportunidades, de ocupação, de renda e, muito mais que isto: não vislumbram – nem de longe - a cultura popular como mola propulsora da economia de seus municípios e, em especial, Guajará-Mirim, que naturalmente se insere em lista de cidade turística.

Assim, sob o manto da ignorância, do preconceito, da cegueira e da falta de vontade e sensibilidade política por parte de inúmeras autoridades públicas de centenas de municípios brasileiros, é que, em pleno século 21, gestores públicos, parlamentares e empresários locais tateiam, quase sempre, a gestão da cultura popular de forma repugnante – sem perceber suas potencialidades. E, desta maneira, conduzem o produto cultural do município e suas potencialidades, particularmente a Economia da Cultura, para bancarrota. O que torna este discurso torpe, cego e ultrapassado não é o seu tom moralista, mas o desprezo ao enorme potencial econômico desta festa popular que faz circular bilhões de reais, todos os anos e em todo Brasil (exceto em Guajará-Mirim). Logo aqui, onde o turismo de negócio, o turismo ambiental, o turismo religioso e o turismo cultural são potencialidades imensuráveis, latente a flor da pele, porém pouco explorado por empresários e pelas autoridades públicas.

Estrutura montada para o carnaval 2016 em Guajará
Diante da omissão do poder público municipal na festa momesca da Pérola do Mamoré, eis que surge, como super heroína, a promolter e empresária lohanna kawazak, a nossa “Zé Pereira” do carnaval na fronteira.

Quem é "Zé Pereira"? O sapateiro português José Nogueira de Azevedo Paredes é o "Zé Pereira", que em um Carnaval, por volta de 1850, reuniu amigos e agitou as ruas do Rio de Janeiro ao som de bumbos, zabumbas e tambores. E foi assim que o carnaval foi se tornando, a cada ano, uma festa popular e democrática.

A promolter Iohanna Kawazak - em parceria com Melki Moraes, Kupin e Careca, e a empresa MS Sonorização - irá realizar a festa da Corte de Rei Momo em Guajará-Mirim, nos dias 6, 7, 8 e 9 de fevereiro, em frente ao Ginásio Afonso Rodrigues. Amantes da cultura popular e súditos do Rei Momo deverão se encontra neste endereço, para brincar carnaval, celebrar o reinado de Momo e agradecer a nossa “Zé Pereira” Iohanna Kawazak, por nos oportunizar brincar carnaval. Viva a cultura popular e carnaval da fronteira! Viva Iohanna Kawazak, a nossa “Zé Pereira”!

Ps: na quarta-feira de cinzas, a saúde irá continuar com os mesmos problemas, faltando medicamentos e médicos; na educação, os salários dos professores continuarão atrasando e as escolas caindo aos pedaços; as ruas da cidade estarão como sempre estiveram: escuras, cheias de lamas e buracos... Lamento informar, mas o carnaval não é o culpado.
 

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