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Praça do s Pioneiros (Estação da EFMM) |
O ser político – na essência
da palavra – é aquele que participa e vive ativamente a polis. Entende
a política como uma ciência, uma arte, utilizando-a como meio para se fazer o
bem comum, acolhendo os mais vulneráveis, promovendo o desenvolvimento social,
econômico e o ambiental sustentável.
A vaidade é um princípio de
corrupção (Machado de Assis). A Vaidade: 1 Qualidade do que é vão, inútil, sem
solidez nem duração. 2 Fatuidade; ostentação. 3 Sentimento de grande
valorização que alguém tem em relação a si próprio. 4 Futilidade (Dicionário
Aurélio online).
‘Políticos’ que se
enveredarem pelo campo da política, inebriados por projetos pessoais ou de
grupos excludentes, que visam tão somente o status e as benesses que o cargo proporciona, além
de sinalizarem para perigosa vaidade elevada à potência máxima, denotam também
a mais pura e simples corrupção do ser na essência.
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Ciclo Via com Duque de Caxias (bumbódromo ao fundo) |
O político vaidoso é aquele
que, quando eleito, comemora de forma exacerbada, de maneira a iluminar a
moldura do seu ser vaidoso – e não a vitória de um projeto político coletivo e para
o bem-estar de todos. O político vaidoso celebra a vitória já cercado por
bajuladores, na certeza de que venceu na vida. Rojões, festas, cervejadas e
churrascadas embalam a vitória do vaidoso.
Um projeto político vaidoso,
eleito, não muda realidades, não redistribui riquezas, não eleva o nível da
educação, não melhora a qualidade dos serviços em saúde, não transforma para
melhor a cidade em que vivemos. Ao contrário, tem a capacidade de piorar tudo e
dificultar ainda mais a vida do cidadão, particularmente daquele que mais necessita
dos serviços públicos, pois se trata do sucesso de um plano político vaidoso e pessoal,
já corrompido na origem.
Dito isto, analisemos os
resultados dos projetos políticos vencedores nas urnas nos últimos vinte anos,
tanto no poder legislativo quanto no executivo, a partir de observações de
nossa urbe tupiniquim dos dias atuais. Olhemos para a realidade de agora da
cidade ‘Pérola’ do Mamoré, e comparemos com o passado e com outros municípios
bem mais novos que Guajará.
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Av. Dr Lewerger |
Guajará-Mirim reflete hoje,
em todos os aspectos, os efeitos danosos da vitória de inúmeros projetos
políticos - quase sempre vaidosos ao extremo -, tanto no campo majoritário
(prefeitos), quanto proporcional (vereadores). Visivelmente a cidade regrediu no tempo,
retrocedeu, por certo, em razão de projetos políticos pessoais,
cravejados pelo sentimento da vaidade egoísta e cega.
Para se perceber a
estagnação do progresso local – e nomeio o termo ‘estagnação’ por gostar tanto
da cidade e fazer destas poucas linhas uma análise misericordiosa, rechaçando,
desta feita, o rótulo ‘involução’ – basta comparar nossa cidade com qualquer
município de mesmo porte do eixo da BR 364, e perceber as grandes diferenças,
apenas observando o campo urbanístico. É gritante o nosso atraso. Ficamos para
trás. Bem distante.
Algumas regiões da cidade
parecem que retornaram à Idade Média: lama, buraco, lixo, ruas sem calçamento,
sem pavimentação mínima e sem iluminação público no período noturno. É a
esculhambação da esculhambação, total, ampla e irrestrita.
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Ciclo Via |
A cidade não se faz assim,
sozinha. Então quem a deixou nestas condições de completo abandono, com serviços
públicos municipais ineficientes e insuficientes?
Nas últimas duas décadas
passaram pelo Palácio Pérola do Mamoré, a sedo do executivo municipal em
Guajará-Mirim, oito prefeitos (entre prefeitos eleitos e vices que assumiram
por determinado período), quais sejam: Bader Massud Jorge Badra, de 1997 a 2000
(o Vice-Prefeito Francisco José de Oliveira, o Chico Oliveira, assumiu a
Prefeitura durante 90 dias no ano de 1998); Cláudio Roberto Scollari
Pillon, de 2002 a 2004 (o Presidente da Câmara Municipal, Antônio Bento do
Nascimento, assumiu a Prefeitura no período de 27/03/2002 a 01/09/2002; em
virtude do afastamento do Prefeito Cláudio Pillon, para tratamento de
saúde); Cláudio Roberto Scollari Pillon,
de 01/01/2005 a 28/03/2005 (o Prefeito Cláudio Pillon foi afastado por decisão
da justiça e em seu lugar assumiu José Mário de Melo em 28/03/2005); José Mário
de Melo, 28/03/2005 a 31/12/2008; Atalíbio José Pegorini, de 01/01/2009 a
31/12/2012; Dr. Dúlcio da Silva Mendes, que assumiu a prefeitura em 01/01/2013.
Também nestas duas últimas décadas, uma quantidade considerável de vereadores
passou pelo poder legislativo municipal; dezenas e dezenas deles.
Depois de 20 anos, após
tantas autoridades e de inúmeros projetos políticos que passaram pelos poderes
legislativo e executivo de Guajará-Mirim, o resultado é este que qualquer
cidadão e eleitor podem conferir ao saírem de casa e andarem pela cidade ou
necessitarem de algum serviço público da esfera municipal. É uma lástima.
Nem todos os prefeitos ou vereadores,
com toda certeza, chegaram ao Palácio Pérola do Mamoré, ou à câmara de vereadores, sem projeto algum, no que se refere a um plano de governo. Um ou
outro desembarcou na prefeitura, ou na câmara municipal, com boas ideias e
compromissos com a cidade e seus cidadãos. Caso de exceções raras. Já diz o
ditado popular: “uma andorinha só não faz verão”. Logo, pouco fez.
Analisando a cidade, não é
difícil constatar que quase todos os projetos políticos vencedores que chegaram
ao poder, não passaram de projetos políticos vaidosos; projetos decepcionantes,
sem rumo, sem propostas, sem compromissos com o desenvolvimento da economia
local, com o bem-estar social da população e a sustentabilidade ambiental da
região. Compromisso nenhum com a cidade e nem com sua gente.
Em 2016 teremos nova eleição
e precisamos pensar bem, refletir bastante na escolha dos nomes. Nenhum
vereador ou prefeito cai da lua ou de marte, já diplomado, na câmara de
vereadores ou na prefeitura. São eleitos pelo povo, pelo contribuinte, pelo
eleitor. Políticos competentes ou incompetentes, honestos ou desonestos,
educados, polidos, grosseiros ou almofadinhas melindradas, todos, sem exceções, somos nós
que os elegemos e os reelegemos (talvez por odiarmos tanto nossa cidade e nossa
própria história).
Já passa da hora de se
escolher políticos na verdadeira acepção da palavra: um ser político apropriado,
sem vaidade, com capacidade e envergadura política que abarque a cidade, a população
e seus problemas; que entenda política como ciência e arte a serem usadas em favor
de todos; que saiba canalizar todas as forças políticas locais para o bem
comum, objetivando tirar a cidade do buraco em que se encontra e, assim, reescrever
nossa história no executivo municipal e na câmara de vereadores. E que seja essa, uma
história de sucesso para o bem de todos.
Será que este ser político existe
em Guajará-Mirim? Será que nós, contribuintes e cidadãos existimos enquanto
eleitor consciente? Tenho cá minhas dúvidas. Vamos aguardar.