Ednart Gomes |
Enquanto
os organizadores tratam dos preparativos para realização do Duelo da Fronteira,
evento popular que volta à cena cultural da cidade perolense, após dois longos
anos de forçada hibernação, nos bastidores do espetáculo, freneticamente, um
contingente de artistas e artífices trabalham, incansavelmente, para formatar
um dos maiores espetáculos de cultura popular do Estado de Rondônia.
Nossa
coluna de hoje joga luz na “coxia do espetáculo”, para visibilizar um dos maiores
artistas que, desde há muito, contribui com este extraordinário impressionante
evento cultural: Ednart Gomes, o mago da fronteira.
Inúmeros
são os profissionais que constroem este belíssimo espetáculo que contorna a identidade
cultural do povo rio-mamorense. Anônimos ou desconhecidos, sob a cortina da
coxia, esmeradamente trabalham costureiras, artistas, artesãos, serralheiros,
batuqueiros, músicos, lindíssimas caboclas e rapazes dançarinos, um verdadeiro
e abnegado grupo de profissionais, dos mais variados matizes artísticos – além de
muitos colaboradores de todas as áreas -, empenham-se para apresentar o mais
refinado e emocionante espetáculo de vibrantes cores, inéditas e monumentais
alegorias articuladas, ricas fantasias, pulsantes coreografias e os mais
surpreendentes efeitos de luzes e ritmos, apreciados por um e fiel público, que
assiste a tudo, incrédulo e atento, sempre aguardando a próxima surpresa.
Dentre
tantos talentos, destaca-se um grande artista. Artista com “A” maiúsculo,
portador de uma sensibilidade estética imensurável e detentor de extraordinário
talento e criatividade. Um mágico. Um mago. Veja, a seguir, nossa conversa com
Ednart Gomes, que aconteceu espontaneamente na ‘coxia do espetáculo’:
Ariel
argobe – É de verdade? Realmente começaram os trabalhos da equipe de artistas
que vão confeccionar as alegorias do Boi-bumbá Flor do Campo, para o Festival
Folclórico de Guajará-Mirim 2015?
Ariel Argobe e Ednart Gomes (entrevista) |
Ariel
Argobe – Além desse material permanente de estrutura, o que mais será reutilizado
pela equipe de alegorias?
Ednart
Gomes – O trabalho de arte, de criação propriamente dito, este se aproveita
pouco ou nada mesmo, porém, vamos fazer o máximo possível para aproveitar e
readequar artisticamente, material de acabamento, ainda usável, particularmente
no que se refere aos detalhes confeccionados em isopó.
Ariel
Argobe – Durante muitos anos você morou e trabalhou aqui. Foi o responsável
pela equipe de alegorias do Boi Flor do Campo. O ano passo você retornou a sua
cidade Juruti, e lá trabalhou no Festival das Tribos. Como foi a experiência?
Ednart
Gomes – Foi um trabalho muito bom. Foi maravilhoso me reencontra com o Festival
das Tribos, com os artistas da cidade, brincantes e com todos os amigos e
familiares que fazem aquele grande festival. Foi um trabalho de arte realizado
por mim e por meu irmão Kbral (Ernanes Gomes).
Foi um espetáculo diferente e inovador, pois, pela primeira vez aconteceu na
arena de apresentação, três grandes momentos do espetáculo da tribo Muirapinima.
Momentos que deixaram o público encantado e emocionado.
Ariel
Argobe – Artisticamente, como seu deu este grande momento?
Ednart
Gomes – Os três momentos ápices do espetáculo da Tribo Muirapinima consistiam
na movimentação, em cena, de três monumentais cenários, além das alegorias e
lanças de grande porte, que ocuparam, de maneira impressionante, toda arena de
apresentação.
Ariel
Argobe – Depois de realizado os trabalhos para o Duelo da Fronteira, qual será
seu próximo festival?
Ednart e Kbral Gomes |
Ariel
Argobe – Sobre o Festival Folclórico de Guajará-Mirim, evento popular que
durante longos anos você contribuiu de maneira significativa para consolidá-lo
efetivamente, o que o público pode esperar de surpresa, no que se refere ao
trabalho artístico dos irmãos Ednart e Kbral Gomes?
Ednart
Gomes - A expectativa e que continue crescendo, ou que, no mínimo, continue de
onde parou. Para mim, o festival de 2012 foi o melhor Duelo da Fronteira. Foi
quando o festival chegou em seu máximo, em termos artístico e em termos de
estrutura, se comparado com todos os anos que estou aqui em Guajará trabalhando
no boi - eu cheguei aqui em 2000. Se tivesse acontecendo com o mesmo padrão de
2012, sem interrupção, eu acredito que o festival deste ano seria um dos
maiores espetáculos de cultura da Região Norte, em termos de boi-bumbá. Hoje,
que eu me reencontrei com todas estas estruturas aqui existentes, eu até me
assustei. Tem muito festival por aí que não tem estrutura que existe aqui
Guajará-Mirim.
Ariel
Argobe – Como é a experiência, ou melhor, a dobradinha dos irmãos Gomes, agora
trabalhando na mesma agremiação cultural? É a primeira vez dos irmãos Gomes no
boi vermelho?
Ednart Gomes |
Ariel
Argobe – E a visita a D. Georgina, como foi o reencontro?
Ednart
Gomes – Sempre nutri muito respeito por D. Georgina e pelo Seu Mário. É a D.
Georgina a responsável por tudo de bonito que acontece em termos de festival
aqui em Guajará. Foi ela quem começou com este rico espetáculo, propondo, um
dia, a realização do festival. Estive lá com ela, fui tomar a benção à
matriarca do Flor do Campo. Devo muito ao casal.
Ariel
Argobe – Como foi pra fechar o contrato com a atual Diretoria do boi?
Ednart
Gomes – Acho que a negociação demorou um pouco, provavelmente por conta da morosidade
do repasse financeiro para aquisição de material. Acho que não é em razão da
crise, pois quando o festival parou, há três anos, não havia esta crise
econômica; quase não se falava em crise. Acho também que a demora foi por falta
de informações sobre material a ser comprado, a quantidade, o projeto e a estrutura
necessária para o espetáculo como um todo. Eu não moro mais em Guajará, e toda
negociação foi feita pelo meu irmão Kbral. Ele foi o responsável por esta
parte, pois ele mora na cidade e ficou mais fácil pra ele fazer toda a costura
da negociação. Ele está na frente do trabalho.
Ariel
Argobe – Temos tempo para fazer um grande trabalho em termos de alegorias?
Ednart
Gomes – O tempo e curto, mas é possível fazer um trabalho bom. Eu acredito
muito na capacidade, na liderança e no trabalho do meu irmão Kbral. Acredito
também na capacidade de todos os artistas e brincantes que fazem o Boi—Bumbá Flor
do Campo. Agora serão duas cabeças pensando. Acho que o público, os brincantes
e os turistas vão se surpreender com o resultado. Será um grande festival. Um
retorno para consolidar a grandeza do Festival Folclórico de Guajará-Mirim.
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