Av. Mal. Deodoro, sub esquina com 10 de Abril |
Guajará-Mirim
vem acumulado, pelo menos nas duas últimas décadas, inúmeros problemas que
dificultam a vida de todos os seus moradores. Trata-se de questões que fazem parte
do cotidiano de qualquer prefeitura resolvê-los. Alguns problemas são da lida diária de qualquer
secretária municipal de obra e serviços básico. Porém, um destes problemas é
tão constante - e tudo leva a crer que insolúvel aqui na ‘Pérola’ do Mamoré - que passou a
fazer parte, indissociável, da paisagem urbana da cidade.
Nos
dias de hoje, é inimaginável andar pela cidade, seja a pé, de carro, de moto ou
de bicicleta, sem se deparar com um deles em seu caminho. Ou melhor, com
dezenas, com centenas e, pra ser mais exato, com milhares deles: o buraco! Acho
que o buraco é a décima primeira praga do Egito que caiu aqui em Guajará. Só pode!
Se
Carlos Drummond de Andrade tivesse conhecido Guajará-Mirim, não tenho dúvidas
que um dos seus mais célebres poemas – No Meio do Caminho – seria assim: “No
meio do caminho tinha um buraco/Tinha um buraco no meio do caminho/Tinha um buraco/No
meio do caminho tinha um buraco” (...).
A vitima e sua motocicleta. |
Para
agravar ainda mais a vida do contribuinte perolense, inclusive expondo o cidadão
a riscos extremos, São Pedro não tem economizado água. E o que é pior: a cidade
não é dotada de galerias pluviais, exceto alguns metros instalados no centro
histórico da cidade, construídos ainda nos primórdios da ocupação urbana
daquela região. Pasmem todos, estes poucos metros lá existentes, há muito estão
entupidos!
Hoje,
no início da manhã, presenciei uma cena trágica, mas que se tornou corriqueira
na cidade. Acontece a todos os momentos e, em especial, nas vias públicas que
vão se distanciando do antigo centro comercial. Quanto mais longe da sede do
executivo municipal e da região central, mais caótica e perigosa ficam as vias
da cidade. O fato aconteceu na av. Marechal Deodoro, sub esquina com 10 de
abril, bairro Serraria, próximo ao Maylla Park Hotel.
Av. Mal. Deodoro, sub esquina com 10 de Abril, Serraria |
Ana
Isabel, empresária, natural de Guajará-Mirim, proprietária de um comércio localizado
na Av. XV de Novembro, dirigia-se para seu estabelecimento comercial no início
da manhã desta terça-feira, 26, em uma motocicleta biz, cor preta, placa NDO
2079. Seguia pela av. Marechal Deodoro. A comerciante se deparou com um
obstáculo que aqui na 'Pérola' do Mamoré é uma verdadeira peste epidêmica: o
buraco. Lentamente Ana seguiu, buscando uma nesga de terra, uma faixa de chão
plano para ultrapassar o obstáculo e o perigo iminente. Porém, na ‘Pérola’ do
Mamoré, o buraco é traiçoeira, covarde, renitente, em número infinitamente
maior e exímio capoeirista: derruba a todos, inclusive as damas, empresárias e
fieis pagadoras de impostos.
Dirigir em Guajará é um perigo. |
Ana
Isabel sucumbiu, sem chances. O
impiedoso buraco tragou motocicleta e condutora. Do interior do carro eu
acompanhava a cena, já antevendo o desfecho. Poderia inclusive ter registrado
aquele momento humilhante, indigno e revoltante para qualquer cidadão desta
cidade: a vítima caída na lama. Achei melhor poupá-la de humilhante
enquadramento. Ana Isabel foi socorrida por moradores, que a recolheram do limo.
Olhos
visivelmente marejados em lágrimas, com dores no punho, arranhões em uma das
mãos, enlameada, indignada, porém com voz pausada e mansa, a vítima deu a
seguinte declaração: “Dirigir em Guajará está horrível. Não há ruas em condições
mínimas para se dirigir; só tem a XV de Novembro. Não é possível esperar nada
deste governo. Eles não estão fazendo nada mesmo”.
É
possível reverter o atual quadro de abandono deplorável no qual Guajará-Mirim
se encontra. É necessário que cada um nós façamos a nossa parte. E uma delas é jamais
perder a capacidade de se indignar. Entrar com uma ação contra a Prefeitura é
outra atitude também possível. Talvez um caminho árduo e cansativo, porém
necessário para enquadrar a autoridade e o ente público a cumprirem com o
mínimo de seus papeis e funções para o quais foram eleitos pelo povo ou
nomeados para tal.
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