quinta-feira, 31 de julho de 2014

CULTURA: SALVEM O BOI DE GUAJARÁ – PELO MENOS O BOI!



(porque a vaca já está lá, na beira do brejo!)

Por: Altair Santos (Tatá)


Flor do Campo, ensaio, 2012
A cultura em sofreguidão e agonia solta seus ais! Os temas e interesses do setor já não são atendidos nem correspondidos e parecem gritos roucos na multidão, inaudíveis pros que se fazem surdos tampando os ouvidos e invisíveis aos que se fazem curtos das vistas e da visão, se negando a enxergar. Assim lançar apelos que transponham as muralhas se faz difícil, nada exitoso. A esperança derradeira de que lá detrás do muro exista algum socorro, se esvai como a chama morna de um toco de vela no chuvisco. Aos poucos a prática da negação e do cerceamento cultural vai se alastrando aqui por essas bandas.

Tanto fizeram que conseguiram fazer das manifestações culturais populares práticas inviáveis, adornadas com a imposição de aparatos burocráticos e estruturais que são pertinentes aos deveres dos próprios poderes públicos, assim como, em plano oposto, compete aos produtores, aos grupos, artistas e técnicos da cultura conceberem, criarem, ensaiarem, encenarem, expressarem essas suas criações.    

Malhadinho, apresentação 2012
Podemos contar nos dedos, em mais de uma mão, que já tivemos isso, aquilo, aquilo outro, etc e coisa e tal! E parece não parar por aí. O vírus do descaso e do vesgo olhar cultural que assola Porto Velho dá sinais de proliferação e já contamina outros longes do estado. Bem se sabe que a coisa pública não tem que ser pai ou mãe de evento ou projeto cultural, mas lhe cabe sim o objeto do incentivo, a promoção ao acesso, o fomento, o incremento. Tá lá na constituição!

Ao portar-se inversamente ao plano de parceiro de primeira hora da cultura (principalmente a popular), qualquer governo que assim o fizer, nega o constitucionalmente garantido e instala o sentimento da desmotivação, do atraso e da deseducação. Dentre os entes culturais - quando aparceirados - o estado, sem contestações é o maior e mais forte, porém, se nega, distancia-se, se omite ao seu papel fundamental.

Protesto na Câmara de Vereadores de Guajará-Mirim
Em Porto Velho, o Arraial e Mostra Folclórica Flor do Maracujá, peça mui discutida, viva e levada adiante às duras penas já exala – nesse funesto cultural de 2014 - um aroma reles e é avistado como uma flor em vias de murchar. Tomara que não! O histórico arraial e mostra folclórica, a essa altura, pra lá de fora de época, ainda vive a realidade do “disse me disse”, do “é ou não é” e se vai ou não acontecer. Quadrilhas juninas e bois-bumbás desde o mês de março se esmeram em ensaios e ajustes coreográficos, além, é claro, de ultimarem os preparativos de figurinos. Estes também orbitam no espaço do incerto sem saberem se dançarão ao som da sanfona forrozeira ou aos sonoros trinos dos jingles bells natalinos, já que por aqui tudo ta fora de época e fora da ordem mundial.    

Como não bastasse o fracassado carnaval do ano passado, agora, em 2014, justo no ano do centenário de Porto Velho, sem sombra de dúvidas, a atividade foi a grande vítima da cheia do Madeira. O fizeram beber muita água da enchente até empanzinar-se e ir ao coma da alagação. Noutra precipitada decisão, um meia boca fora de esquadro, fora de estética, aliás, fora de tudo, o carnaval foi colocado nas ruas refletindo o espelho do “qualquer jeito” onde o improviso exibiu a face da inaptidão. Enfim, ecoam as máximas populares dentre elas, a de que “não termina certo o que começa errado!”

Apresentação Malhadinho, 2009
As escolas de samba de Porto Velho que também desde muito cedo se aviaram em preparativos para o grande carnaval do centenário da capital, amargam uma grande indecisão na passarela do “não sei se vou não sei se fico!” Pior, por terem recebido parte do recurso prometido, poderão ser enquadrados pela municipalidade a desfilarem em data próxima, sob pena de incorrerem em inadimplência. Esquece-se a Prefeitura que, a parte inicialmente repassada não cobre o total da produção das escolas. Talvez, pelo jeito, só uma decisão salomônica pra elidir o impasse. Cremos que as agremiações deviam recolher tudo que compraram e entregar como prestação de contas dando um basta nesse trololó de “desfila, não desfila”. Como esse negócio de centenário pra cá, centenário pra lá, é um assunto que já gorou, escolas de samba e coisa pública deviam avaliar a questão e não submeterem-se a mais um desgaste e improviso que se ensaia ao caminharem nessa escorregadia ladeira rumo ao brejo.

Manifestação pela realização do Festival em 2013
Blocos de trio e escolas de samba, distintos em suas práticas, porém congêneres na proposta de fazer cultura popular, devem repactuar as suas decisões de fazer carnaval e rever seus projetos, romper em definitivo tanto com o improviso próprio como aquele que lhes é imposto. Pra isso devem lutar pelo definitivo reconhecimento às suas importâncias e valores. De tudo que se tinha agendado para este ano de 2014, nada, absolutamente nada foi levado a efeito, com média relevância sequer.  

A aconchegante, acolhedora, histórica, romântica e amada Guajará Mirim assiste preocupada o deus dará a que, até o momento, vem sendo relegado o Festival Duelo da Fronteira desse ano de 2014. Sem o apoteótico espetáculo no qual os famas Malhadinho e Flor do Campo, exibem as cores, brilhos e movimentos de um dos mais expressivos certames culturais do Estado de Rondônia e do norte brasileiro, a cidade de Guajará com a sua rede hoteleira, os restaurantes, bares, lanchonetes e similares, o transporte, o comércio enfim, todos perdem e parece mesmo que  o festival virou uma peça de segundo plano, quiçá plano nenhum, nas hostes e pretensões governistas. A cultura virou náufrago sem porto no mar dos céticos e indiferentes que vêem e desdizem a cultura como subproduto, ponto entrave, motivo de atrapalho.

Flor do Campo, 2012
Chega causar tristeza e revolta os tratos estranhos e desatenções que dispensam aos nossos mais notórios e marcantes projetos, ainda mais em sendo aqueles que evidenciam a riqueza e a pluralidade cultural existente aqui em Rondônia.

O Duelo da Fronteira que no seu entorno poderia agregar um enorme seio produtor de cultura, começa visivelmente ficar pra última hora ou hora nenhuma. Aos poucos, o projeto definha ao ver escondida e sobrepujada a sua face mais irradiante e colorida da pesquisa, da confecção e montagem, da expressão e exibição, da materialização, da formação e da informação, do lazer cultural e do entretenimento da geração de renda e das divisas históricas e culturais.

Talvez os dois bois se apresentem em 8 e 9 de agosto, apenas como mostra. Enquanto isso resta a dedicação e o interesse quase mendicante da empenhada equipe da SEMCET – Secretaria de Cultura de Esportes e Turismo de Guajará Mirim pelos corredores oficiais, na capital do Estado, num vai e vem de apelos sofridos, sem obter os avais que garantam colocar na cena o vistoso festival protagonizado pelos envolventes Malhadinho e Flor do Campo. Que não sejam estes, os últimos mugidos do boi. Assim esperamos!    

tatadeportovelho@gmail.com

quarta-feira, 30 de julho de 2014

CAMINHADAS DARÃO IMPULSO À CAMPANHA DE DILMA



A candidata à reeleição, Dilma Rousseff, participa de caminhada da campanha eleitoral, no próximo sábado (9), em Osasco, na região metropolitana de São Paulo, ao lado do ex-presidente Lula.

Este evento marca a intensificação da militância nas ruas com agenda de caminhadas, passeatas, carreatas, panfletagens, bandeiraços e diversos outros tipos de atividades, que se estenderão do dia 9 ao dia 17 de agosto.

“Os apoiadores da campanha da presidenta Dilma terão a chance de conversar com o povo brasileiro e mostrar as conquistas dos últimos 4 anos, além de relembrar o que foi realizado nos oito anos anteriores, durante o governo Lula”, destacou o coordenador nacional da campanha nos estados, Cezar Alvarez. “É também a oportunidade de mostrar que a candidata Dilma Rousseff tem a melhor proposta para o Brasil, que continuará mudando, crescendo e distribuindo renda”, completa.

Além desta agenda, também estão previstas ações da campanha para comemorar o Dia Nacional do Estudante, no dia 11. A decisão de promover a mobilização nacional foi tomada nesta segunda-feira (28), em Brasília, em reunião dos coordenadores estaduais da campanha à reeleição de Dilma Rousseff, que contou também com a participação dos coordenadores nacionais.

Fonte: Equipe Dilma Rousseff

CULTURA: ESCOLAS DE SAMBA: MAIS UM PIRULITO



(o sabor da doce ilusão, no tal me engana que eu gosto)



Por: Altair Santos (Tatá)

GRES S. J. Batista, carnaval 2010
Nosso pai, assim como os mais antigos, tinha por hábito ilustrar suas falas com ditos populares. Um dos mais recorrentes era: “quem morre de gosto não fede!” E essa parece ser a realidade das Escolas de Samba de Porto Velho que, de um tempo pra cá, resolveram submeter-se ao posto de sparring para os poderes públicos que lhes desferem golpes a torto e a direito, sem que estas esbocem reação. Será que nas hostes do samba, baixou o velho e afamado jargão da “mulher de malandro”? Não acreditamos

O último round dessa pendenga óbvia, apontou nocaute do poder público contra as escolas. Pra aliviar, lhes adoçou as bocas com mais um pirulito e seu manjado açúcar, nesse engenho de protelatórios, entre fazer ou não, o desfile de carnaval. E assim a coisa vai, vai, vai... Repetimos que o maior dos alagados nessa cheia do Madeira foi o carnaval popular ao ser lançado ao sacrifício em nome do clamor social, com aquela forçada de barra pra se estabelecer o tal estado de calamidade pública, cujo qual, será motivo e esconderijo pra tudo que é má vontade, incompetência, preguiça e descaso, daqui por diante, até o dia do juízo final. Confessamos desconhecer a opção das agremiações carnavalescas pelo estranho sacerdócio de serem inapelavelmente surradas sem dó e sem piedade e, ainda por cima, terem de curvar-se aos calores de ameaças fiscais e jurídicas daqui e dali, além de serem seguidamente iludidas com promessas desbotadas, na verdade, um degradê sem lume. E nisso, tome pirulito!

GRES Os Diplomatas do Samba, carnaval 2011
Já passa e muito da hora das afiliadas da FESEC se pintarem noutras cores e formas, se darem e cobrarem o zelo e respeito que lhes é devido e merecido, entretanto, elas próprias, as escolas e sua instituição gestora, a FESEC, tem que reagir e, nesses brados, se repensarem, se enxergarem e se fazerem vivas, organizadas, produtoras e produtivas do ofício de fazer cultura popular sem que amarras quaisquer lhes sejam impostas. Para tal urge que se aprimorem nos aspectos técnicos, jurídicos e qualitativos, caso contrário, haja pirulito! 

Foi outra vez revoltante ler, ouvir e assistir nos noticiosos locais que a municipalidade, noutro indisfarçado chega pra lá, dentro da grande área, protelou as agremiações a dizerem quanto recurso ainda falta para complementar a produção dos desfiles. Ora bolas, não é cinqüenta mil pra cada escola? Isso já foi apresentado séculos e séculos amém e até agora não rolou o tal feed back, o sim ou não, o é ou não é! E depois disso vão solicitar o que mais? Outra coisa, esse mal animado papo de centenário de Porto Velho já não arrebata e seduz a população e, além de desbotado, parece que é um tema “espraguejado pela mãe”, sobre ele tudo dá errado, nada vinga. Alguém por acaso conseguiu visualizar algo de extraordinário ou diferenciado nos desfiles dos nossos blocos e que esse algo tenha feito uma alusão, uma e provocado um realce irradiante e luminoso, um sentimento de inesquecível, quanto ao ano do centenário de Porto Velho? Pois é, não vimos! Achamos que desse carnaval do centenário, todos vão querer mesmo é esquecer e o quanto antes, pra não terem de carregar o ensopado fardo das desilusões culturais.

GRES Asfaltão, carnaval 2012
Aquele que seria o carnaval do centenário no começo de março, mas que fora afogado pelo tal “estado de calamidade”, já se cogita ser a festa dos cem anos de Porto Velho em 2 de outubro. Na verdade como vimos quase que solitariamente insistindo, esse negócio de centenário é um manjá duvidoso que foi servido e azedou sem que ninguém provasse. Desde o início do ano não sentimos firmeza, de parte a parte, sobre isso. Temos abordado o assunto pelo viés da especial comemoração, do histórico momento e da oportunidade para se discutir a cidade e seus temas prioritários - principalmente a cultura - e abrir um vasto leque de ações e proposituras com nova textura estrutural e social para a própria cidade e seu povo. Porém, em suma, o marco do centenário não tem auspiciado algo mais encorpado nem para o instante presente e nem ao porvir, o que é uma pena! As barrentas e bravias águas do Madeira, após baixarem, deixaram ilhas de terra por tudo que é canto, entupiram ouvidos e cerraram as vistas de muita gente, além de petrificar corações, vontades e atitudes nos já arrefecidos desalmados culturais.

Altair Santos (o Tatá)
Como não bastasse a privação de parte da população pelos efeitos da enchente, os munícipes, como um todo, estão culturalmente sitiados. Instalou-se agora a calamidade cultural, a privação do direito à cultura, pela “recomendatória” aos poderes executivos para que não celebrem convênios que atendam as finalidades culturais e religiosas por quanto perdurar o estado de calamidade. No caso dos atos religiosos até entendemos afinal, o estado é laico. Agora orientar o não investimento em cultura em detrimento disso ou daquilo, é inaugurar uma nova calamidade. Da mesma forma como se diz dos erros, de que um não concerta o outro, entendemos que uma calamidade não socorre a outra. Alô FESEC, alô Escolas de Samba, cremos que já chega dessa história de “my Love”, aqui não tem que ter esse negócio de “chora minha nega”. Paremos com isso e vamos à luta, em contrário, continuaremos a assistir o patético inverso do “rabo que abana o cachorro.”         

E nessa de enquadra daqui e enquadra dali, em associativismo com a inércia e a falta de vontade, ausência de interesse e ante o descaso cultural reinante, resulta que escolas de samba, blocos carnavalescos, quadrilhas juninas, bois-bumbás, grupos culturais, artistas, produtores e agentes de diferentes estilos e gêneros vão, aos poucos, sendo relegados ao atrofiamento cultural. Essa é a imagem de uma sociedade enclausurada que vê os seus movimentos, cores e sons saboreando o velho doce do me engana que eu gosto. Na fila da peia e do pirulito, a vez é das escolas de samba!  

(*) Altair Santos (oTatá) é ex-Presidente da Fundação Iaripuna, músico e produtor cultural (tatadeportovelho@gmail.com)

PT DE GUAJARÁ-MIRIM PARTICIPA DE ENCONTRO POLÍTICO COM EVO MORALES

Profa. Lília Ferreira, Presidente PT/GM O Presidente da Direção Regional do Movimiento al Socialismo - Instrumento Político por la Soberanía...