Quase
que totalmente isolada do restante do estado e vivendo momentos de angústia e
medo há mais de uma semana, em função do fechamento de alguns trechos das
rodovias federais 425 e 364, para tráfego de caminhões de cargas, ônibus e
carro de passeio, medida adotada em função das alagações provocadas pelas cheias
dos Rios Mamoré, Araras e Madeira, Guajará-Mirim recebeu, nesta última quinta-feira,
20, dois caminhões-tanque, que abasteceram os postos de gasolina da Pérola do
Mamoré.
A
notícia da chegada de combustível se espalhou por toda cidade, em fração de
segundo, causando uma correria de motoristas e motociclistas aos postos de
gasolina, onde foram formadas longas filas, debaixo de impiedoso sol.
Para abastecer os municípios de Guajará-Mirim
e Nova Mamoré, a partir de ramais rurais alternativos, motoristas enfrentam
verdadeiras aventuras em estradas de chão, sem as mínimas condições para
trafegabilidade, correndo risco de graves acidentes, extravios das mercadorias
e a perda da própria vida.
Uirassu
José S. de Assis, motorista do caminhão-tanque placa NCC 4403, veículo no qual
transportou 7 mil litros de gasolina para suprir o município de Guajará-Mirim, que
saiu de Porto Velho, segunda-feira, 17, às 16 horas, chegando em terras
perolenses dia 20, por volta das 13 horas, fez impressionantes relatos sobre
situações perigosas vividas no trecho percorrido entre o Distrito de União
Bandeirantes e a cidade de Nova Mamoré.
Segundo
Uirassu, foram vários os momentos de perigos enfrentados, em razão das péssimas
condições dos ramais utilizados como rotas alternativas para se chegar aos
municípios de Nova Mamoré e Guajará-Mirim, ou por conta de violentos protestos
de moradores assentados nos ramais rurais utilizados.
No
meio do caminho, encontraram com vários caminhões de transporte de cargas,
carros de passageiros e taxistas atolados, quebrados ou mesmo, em alguns caos,
tombados.
Nos
trechos dos 9º e 8º ramais, Uirassu José S. de Assis relatou que ele, e outros
condutores, foram ameaçados por moradores locais, que portavam armas de fogo, do
tipo espingardas e revolveres, impedindo a todos de continuarem viagem e
exigindo a presença de autoridades para discutirem a situação das estradas e
dos moradores.
Há casos
onde os moradores danificaram pontes e pontilhões, serrando ou ateando fogo em
parte destas estruturas, de modo a impossibilitar a passagem de veículos de
cargas e passageiros.
Hoje,
fazer uma viagem com destino aos municípios de Guajará-Mirim e Nova Mamoré, é
viver uma perigosa aventura, digna de roteiro de filme de ação ao estilo ‘hollywoodiano’. Bem antes mesmo das enchentes
dos rios Mamoré, Araras e Madeira, enfrentar a BR 425 já era um verdadeiro rally de aventuras, pondo em risco a
vida de qualquer um que ousasse trafegar nesta via federal.
Às
populações, autoridades e empresários dos municípios do Vale do Mamoré restam, tal
qual Vênus que ressurge das cinzas, a partir do caos hoje vivido - aproveitando
que é ano de eleições - promover uma ampla discussão, envolvendo representantes
dos governos federal, estadual e dos dois municípios, para se sanar, de uma vez
por todas, problemas estruturais crônicos, que vem corroendo as economias da
Guajará e Nova Mamoré, ao longo das décadas, governos após governos.
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