Por Ariel Argobe (*)
Caminhar pelas ruas centrais da cidade de Guajará-Mirim, em um final de tarde, sem pressa, explorando com olhar apurado detalhes plásticos, adereços arquitetônicos e elementos estéticos adornadores de antigos prédios e sobrados erguidos na região central da cidade, mergulhando a retina nas quase intactas fachadas históricas, espraiando olhar investigativo por sobre as linhas urbanísticas de ruas e praças definidas por plástica que envolve e define o centro histórico da cidade é, sem dúvida alguma, uma aventura de riquíssima experiência estética que nos transporta através dos tempos para o nosso passado ainda presente, entrincheirado, insistentemente resistindo ao implacável desgaste natural dos anos, à ação covarde do inescrupuloso analfabeto estético e ao desmando de autoridades descompromissada com a memória beradeira.
Caminhar pelas ruas centrais da cidade de Guajará-Mirim, em um final de tarde, sem pressa, explorando com olhar apurado detalhes plásticos, adereços arquitetônicos e elementos estéticos adornadores de antigos prédios e sobrados erguidos na região central da cidade, mergulhando a retina nas quase intactas fachadas históricas, espraiando olhar investigativo por sobre as linhas urbanísticas de ruas e praças definidas por plástica que envolve e define o centro histórico da cidade é, sem dúvida alguma, uma aventura de riquíssima experiência estética que nos transporta através dos tempos para o nosso passado ainda presente, entrincheirado, insistentemente resistindo ao implacável desgaste natural dos anos, à ação covarde do inescrupuloso analfabeto estético e ao desmando de autoridades descompromissada com a memória beradeira.
De ar bucólico e aprazível ritmo de interior, a cidade
rondoniense que é carinhosamente conhecida sob o pseudônimo de Pérola do
Mamoré, segundo nos informa o historiador Victor Hugo, em seu livro Os
Desbravadores, "Até o início do século XIX, (...) (a cidade) era apenas
uma indicação geográfica para designar o ponto brasileiro à povoação boliviana
de Guayaramerín”. Naquela época, a localidade que hoje é Guajará-Mirim ainda
era conhecida apenas como Porto Esperidião Marques, povoado localizado às
margens do Rio Mamoré, fazendo fronteira com a sua co-irmã cidade de
Guayaramerín, na Bolívia.
Após nove décadas de fundação da cidade que abriga a
estação final da lendária E.F.M.M., é possível observar no conjunto de
exemplares arquitetônicos ainda existentes no núcleo central de Guajará-Mirim,
erguidos nas primeiras décadas do século XX, que no processo de desenvolvimento
e ocupação, a Pérola do Mamoré cunhou sua história e a história daqueles que
aqui chegaram para desbravar e desenvolver a região composta pelos Vales do
Mamoré e Guaporé, através da construção de edificações que hoje completam um
conjunto urbanístico dotado por singulares fachadas de épocas e por praças e
coreto, concebidos com linhas arquitetônicas de outrora.
É em Guajará-Mirim, uma pacata urbe com imensurável
potencial para exploração do turismo ecológico, religioso, de negócios e
cultural - sobretudo a cultura de caráter popular imaterial e o patrimônio
histórico material -, que reside aquele que pode ser o último, o mais original
e ainda completo conjunto arquitetônico urbano do Estado de Rondônia, com
poucas intervenções aderecistas poluidoras e alteradora da linha estética
original definidora da obra. São arquiteturas que retratam e traduzem a
ocupação recente desta região. Porém, é um patrimônio claramente afetado pela
paulatina e implacável ação do tempo e pela ausência do Estado, com necessária
e indispensável ação das políticas públicas preservadora e perpetuadora do bem
cultural histórico.
Aventurar-se por entre este autêntico palco histórico –
ainda que cenário abandonado, mas com capacidade de nos remeter à vida e ao
ritmo do início do século XX - dando asas a nossa imaginação, deixando fluir
lembranças e buscando reminiscências de outros tempos, poderá se transformar,
talvez um dia, em um passeio de agradável deleite estético e
conhecimento histórico para turistas, alunos e professores que queiram reviver o passado local, entender a nossa história recente, o processo de ocupação, de exploração
e de desenvolvimento da região.
Este passeio histórico, agradabilíssimo e descontraído, se
concebido a partir do comprometimento, do cuidado e do zelo necessários,
assumidos e protagonizados pela autoridade pública, desenvolvido em parceria
com empresários da indústria do turismo, muito provavelmente se tornaria em uma
das mais importantes e lucrativas atividades turística de Rondônia e do
município de Guajará-Mirim.
Para que referidas ideias sejam possíveis, se faz
necessária a implantação e realização de um amplo e completo programa de
educação patrimonial, voltado para população local, dotado de mecanismos que
tenham a capacidade de suscitar na sociedade guajaramirense o sentimento da
preservação, do respeito e da manutenção deste imensurável patrimônio cultural; desenvolvendo também ações de conscientização às autoridades do município e ao
empresariado local, produtores cultuais e mestres da cultura popular, fitando
despertar nestes segmentos a importância do patrimônio histórico como mola
propulsora e geradora de emprego, renda e fonte de fortalecimento da economia
local.
Em resumo, o conjunto arquitetônico da primeira metade do
século XX existente no centro histórico de Guajará-Mirim, constitui-se em um
agrupamento de peças patrimoniais de requintado valor sentimental, estético e
histórico que sobrevivem teimosamente, quase que inalteradas, chegando aos dias
atuais como irrefutáveis testemunhos da nossa história, porém esquecidas e
abandonadas pela total ausência de políticas públicas para preservação da
memória da cidade.
A preservação do patrimônio histórico de Guajará-Mirim é
compromisso inarredável de todos, para garantia do desenvolvimento e
fortalecimento da economia da região, para perpetuação da história e da memória
local e para conhecimento e conscientização das gerações vindouras, sobre a
história e a identidade cultural constitutiva de Guajará-Mirim e do Estado de
Rondônia.
(*) Ariel Argobe é Professor licenciado em artes visuais, artista plástico e carnavalesco.
Adicionar legenda |
De fato, encontram-se em ausência, as iniciativas de preservação do patrimônio hitórico em todo o Estado, parece-me que ainda não nos livramos do conceito colonialista, Guajar´-Mirim ainda guarda patrimônios que constroem a nossa história e guardam nossas origens, urge que o rondoniensse valoriza sua identidade real, como povo ribeirinho, como amante da natureza, para tanto, precisamos de direigentes sensibilizados com o tema. exelente texto, só vem traduzir, a inquietação do povo originári desta região que vê no cotidiano suas raízes sendo arrancadas e mortas, deixando-nos nessa triste melancolia, "que saudade daquele tempo"...
ResponderExcluir