sábado, 14 de maio de 2016

A PONTE



Imagem colhida na internet, Talismã, TO
Já estamos todos prontos, com as bagagens necessárias em mãos, para adentrarmos em um ‘Novo Brasil’. Só temos que atravessar uma ‘Ponte’. São os nossos primeiros passos de uma ‘nova’ caminhada, povoada de expectativas, em direção a este outro ‘Brasil do Futuro’. Um Brasil sem corrupção, de prosperidade, de geração de novos postos de trabalho para 10 milhões de brasileiros desempregados, de fortalecimento da economia. Um Brasil sem crise política, sem crime ‘do colarinho branco’, sem crise na economia e sem divisão entre brasileiros e brasileiras. Um Brasil sem ódio. Foi o prometido.

Porém, para se entrar neste ‘Brasil do Futuro’ - além da 'Ponte' a ser vencida, erguida em estilo apartheid social - se faz necessário abrir mão de alguns equipamentos de uso coletivo, desnecessários do outro lado da ‘Ponte’, logo, por esta razão ficará do lado de cá, do lado ‘esquerdo’ deste Brasil que agora fica pra trás. Cultura não cabe, não é prioridade no ‘Novo Brasil’ que se desenha do outro lado da Ponte. Do lado ‘direito’.

Pode parecer estranho neste momento, mas em nossas malas não é possível comportar (soará como contrabando, estranho e ameaçador; e quem sabe passível até de punição?) um Ministério da Cultura. Esqueça este item. Para o comandante do ‘Novo Brasil’, este trambolho não passa pela ‘Ponte Para o Futuro’. Deixe-o no caminho, no barranco, na margem ‘esquerda’ da ponte, onde quer que seja. É melhor abandoná-lo, afinal pra que serve mesmo esta geringonça? É peso morto para nação repaginada no lado ‘direito’ da Ponte.

Igualmente, nem pensar em levar em sua boroca o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos - pasta de defesa, visibilidade e garantia de direitos de minorias. Bobagem. A nova equipe que conduz o leme do ‘Brasil Novo’ é quadro só de homens, todos brancos, ricos e machos. Pretos, putas, pobres, índios, LGBT e portadores de necessidades especiais são temas que ficam de fora da ‘trouxa’ ‘nim riba’ de sua cabeça, que segue viagem para o outro lado da Ponte.

Ah, as mulheres?! Belas ou não, recatadas ou não, todas, lá do lado lá, ficam no lar, pilotando o fogão. É o seu novo-velho e mais adequado papel, a ser exercido depois da 'Ponte'.

Também não convém enviar a Controladoria Geral da União através desta ‘Ponte do Futuro’, matizada em milhões de tons de puro cinza, assinada por mãos do PMDB, PSDB e DEM, e ostentada em emoldura ‘dourada pato-tolo’ da FIESP. A CGU – organismo público e independente - cujo norte é combater a corrupção, do outro lado da ‘Ponte Temer’ será órgão acometido de paralisia, sem função. Treco atravancador dos ‘negócios’ do ‘Novo Brasil’. Afinal, a corrupção acabou no Brasil do lado de lá.

Imagem de internet: (bollog.wordpress.com/2012/01/15/pau-de-arara/)
Do lado de lá da ‘Ponte Temer’, já há um povo vestido de verde e amarelo – que não significa está vestido com as cores do pavilhão brasileiro e nem a defender a causa nacional, mas sim, a CBF e a FIFA. Vestidos com a camisa da seleção brasileira de futebol (e nos esperando há 13 anos), está esta gente a combater a corrupção do lado de cá, e a implantação de um ‘Novo Brasil Padrão FIFA’, do lado de lá; defende o fim dos programas sociais de inclusão e redistribuição de renda; na educação, defende o fim das Cotas, do FIES, do PROUNI, do Ciência Sem Fronteiras, dentre outros; na saúde, defende o fim do SAMU, do Mais Médico, do Mais Especialista e o fim da Farmácia Popular, assim como outros. Defende também o fim do Programa Minha Casa Minha Vida, por razões muito simples: não têm como incluir na ‘Ponte Para o Futuro’, tantos programas para pobres. É melhor acomodá-los em um único programa construído há mais de 500 anos por este ‘Novo-velho Brasil’, e eficiente: Senzala Para Todos (os pobres, pretos, putas...), que fica logo depois da ‘Ponte’, pelo lado da ‘direita’. 

Brasileiros e brasileiras do Norte e do Nordeste; das periferias e das favelas de grandes centros urbanos; trabalhadores do campo; sem terras e sem tetos; mulheres, negros, putas, índios, jovens, LGBT, idosos, portadores de necessidades especiais, quilombolas, ribeirinhos, populações de rua, nos avexemos todos – se avia cambada de povão -, se arribem todos para carroceria deste grande 'Pau de Arara Brasil' que ruma para um novo-velho país oligárquico, ‘Pós Ponte Temer’, que agora nos abraça, a nos chamar para conciliação. Se avexe ‘homi’, o trem já vai partir. 'Azula', abestado!

E lá vamos nós, descendo desembestado ladeira de cima a baixo, sem freio, direção frouxa, pneus carecas, passando por riba de uma pinguela falseada de ‘Ponte Para o Futuro’, enquanto seguimos, na verdade verdadeira, a passos largos, para um passado vivido-sofrido.

E lá do outro lado, na banda 'podi' da ‘Ponte Temer’ o ‘futuro que já vivemos em seculares senzalas’ está, espreitado, a nos esperar, lá pelas bandas da direita cruel.

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