sexta-feira, 15 de maio de 2015

NOTÍCIAS DOS BUMBÁS DE GUAJARÁ (Entrevista com Maria Edileuza Mendes)

       

Maria Edileuza Mendes, Presidente do Boi Malhadinho
      Como já anunciado anteriormente, hoje, nesta coluna cultural vamos conversar com Maria Edileuza Mendes, Presidente da Associação Folclórica e Cultural Boi-Bumbá Malhadinho, que vai falar sobre os encaminhamentos adotados por parte de sua diretoria, para realização do XIX Festival Folclórico de Guajará-mirim, também conhecido como Duelo da Fronteira.

         Maria Edileuza Mendes é natural da cidade de Guajará-Mirim, tem 49 anos de idade, solteira, mãe de dois filhos, sócio-fundadora do Boi Malhadinho, há 28 anos na agremiação e, desde a criação da associação, sempre contribuindo, de forma voluntária, desempenhando as mais variadas atividades, ou ainda fazendo parte da diretoria da instituição. Edilezu defende com bravura admirável não só as cores azul e branca, mas também o próprio festival que, segundo ela, faz de Guajará-Mirim solo fértil para expressão da cultura popular. A seguir, a entrevista com Maria Ediluza Mendes, Presidente da Associação Folclórica e Cultural Boi-Bumbá Malhadinho:

Ariel Argobe - Com respeito ao Festival Folclórico de Guajará-Mirim, edição 2015, como está o encaminhamento do projeto?

Edileuza – No dia 9 de abril esteve aqui em Guajará-Mirim o Superintendente Rodinei Paes, titular da Superintendência de Esporte, Cultura e Lazer (Secel), e ficou pactuado que será destinado ao Festival, a importância total de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), por meio de Emenda Parlamentar do deputado Estadual Dr. Neidison Soares, sendo cem mil reais para cada boi. Como as agremiações possuem pendências de prestações de contas de convênios passados, os recursos serão destinados à SECEL, que ficará responsável por toda gestão financeira do projeto, providenciado a aquisição e distribuição do material previsto.

Sede cultural do Boi-Bumbá Malhadinho
Ariel Argobe – Os cem mil reais que serão destinados a cada agremiação de bumbá, serão utilizados de que forma?

Edileuza – Os bois não vão pegar em recursos financeiros. Este dinheiro será utilizado com aquisição de materiais para montagem do espetáculo artístico propriamente dito. O boi elaborou e entregou à SECEL, projeto contendo planilhas com previsão de custos, onde consta relacionado todo material necessário para confecção do espetáculo, no valor de cem mil reais, a ser adquirido pelo poder público e entregue aos respectivos grêmios culturais.

Ariel Argobe – Os duzentos mil reais serão utilizados com aquisição de materiais para confecção do espetáculo artístico. E a estrutura, necessária para encenação do espetáculo, de onde virá e com que dinheiro será pago?

Edileuza – Segundo os representantes da SECEL, a estrutura necessária para o festival – e nós entendemos como estrutura: camarotes, arquibancadas, banheiros químicos, sonorização, iluminação artística dentre outros -, será de responsabilidade da própria Superintendência, que se encarregará pela contratação e montagem da estrutura.

Ariel Argobe – Depois de firmado este acerto com a Superintendência de Cultura do Estado, os representantes das associações culturais de bumbá estão acompanhando o andamento do processo?

Edileuza – Quem está incumbida desta tarefa e a Secretária de Cultura do Município, Professora Wisnete Ojopi e, segundo informações da Secretária, o processo segue trâmites burocráticos e que ela está aguardando informações mais precisas, em especial, se o processo já foi licitado e se a compra do material já está sendo providenciada. Estamos aguardando estas informações.
Bumbódromo de Guajará-Mirim
Ariel Argobe – Com este desenho de financiamento, onde está garantida a Emenda Parlamentar de duzentos mil reais para aquisição exclusiva de material, e estrutura, a ser disponibilizada pela SECEL, resta um problema: contratação de mão de obra. Como a senhora vai resolver esta questão dentro de sua agremiação?

Edileuza – Da forma como está se desenhado o projeto, nós não vamos poder contratar – como sempre fizemos – artistas de Parintins, de Guajará-Mirim e Porto Velho. São estes profissionais que realmente confeccionam as alegorias, fantasias e adereços, auxiliados pelos nossos brincantes, que ajudam de todas as formas e em todas as tarefas, com mão de obra voluntária.  Se a SECEL vai bancar a estrutura (camarotes, arquibancadas, banheiros químicos, sonorização, iluminação, palco, barracas, dentre outros), e sendo os duzentos mil reais somente para aquisição de material, temos, assim, realmente um problema muito serio, para o qual ainda não temos solução: o dinheiro para contratação de mão de obra. Estamos discutindo como vamos resolver.

Ariel Argobe – Tratando ainda sobre recursos financeiros, tem alguma outra fonte sinalizada, uma porta a ser aberta e, assim, se resolver a questão da contratação de mão de obra?

Edileuza – Como o financiamento é público, então nós não vamos poder cobrar bilheteria e nem camarotes. Estamos preocupados e discutindo como vamos resolver esta pendência. Aliás, o próprio bumbódromo é um problema sério a ser resolvido, uma vez que está interditado. É uma conversa que iremos ter com o Ministério Público, Corpo de Bombeiro Militar e SECEL. Na última reforma realizada no bumbódromo, em 2013, alguns problemas sérios sinalizados naquela época, ainda não foram resolvidos. Para fazer o Duelo da Fronteira no bumbódromo, é necessário executar obras de reparos e instalar alguns equipamentos que garantam padrões mínimos de segurança. Entendemos que esta é uma tarefa do Estado, já que aquela estrutura pertence ao Governo de Rondônia.

Estruturas de alegorias do Malhadinho (último festival, 2012)
Ariel Argobe - Qual o sentimento da diretoria do boi em relação ao festival a ser realizado este ano, comparando o espetáculo com os de anos anteriores, considerados áureos?


 Edileuza - Sentimento de descaso e abandono. Abandono por parte das autoridades e descaso total por parte da população. A população tem que abraçar o festival. Tem que defender como coisa nossa e necessária. Para população e autoridades fica aqui nossa mensagem e apelo: por favor, não deixem morrer o nosso festival e nem a cultura de Guajará. O festival é uma rica tradição do nosso município; um grandioso espetáculo que emociona a todos nós. Sabemos que este ano, com o pouco dinheiro a ser disponibilizado, não será possível fazer um festival de primeiro porte, como aconteceu em anos anteriores, mas vamos fazer da melhor e mais bonita forma possível. E, para manter a tradição, realizaremos o festival com perfil de concurso, como sempre foi, e acontecerá mesmo em agosto.

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