Maria Edileuza Mendes, Presidente do Boi Malhadinho |
Maria Edileuza Mendes é natural da
cidade de Guajará-Mirim, tem 49 anos de idade, solteira, mãe de dois filhos, sócio-fundadora
do Boi Malhadinho, há 28 anos na agremiação e, desde a criação da associação, sempre
contribuindo, de forma voluntária, desempenhando as mais variadas atividades,
ou ainda fazendo parte da diretoria da instituição. Edilezu defende com bravura
admirável não só as cores azul e branca, mas também o próprio festival que,
segundo ela, faz de Guajará-Mirim solo fértil para expressão da cultura
popular. A seguir, a entrevista com Maria Ediluza Mendes, Presidente da Associação
Folclórica e Cultural Boi-Bumbá Malhadinho:
Ariel
Argobe - Com respeito ao Festival Folclórico de Guajará-Mirim, edição 2015,
como está o encaminhamento do projeto?
Edileuza
– No dia 9 de abril esteve aqui em Guajará-Mirim o Superintendente Rodinei
Paes, titular da Superintendência de Esporte, Cultura e Lazer (Secel), e ficou
pactuado que será destinado ao Festival, a importância total de R$ 200.000,00
(duzentos mil reais), por meio de Emenda Parlamentar do deputado Estadual Dr.
Neidison Soares, sendo cem mil reais para cada boi. Como as agremiações
possuem pendências de prestações de contas de convênios passados, os recursos
serão destinados à SECEL, que ficará responsável por toda gestão financeira do
projeto, providenciado a aquisição e distribuição do material previsto.
Sede cultural do Boi-Bumbá Malhadinho |
Edileuza
– Os bois não vão pegar em recursos financeiros. Este dinheiro será utilizado
com aquisição de materiais para montagem do espetáculo artístico propriamente
dito. O boi elaborou e entregou à SECEL, projeto contendo planilhas com
previsão de custos, onde consta relacionado todo material necessário para
confecção do espetáculo, no valor de cem mil reais, a ser adquirido pelo poder
público e entregue aos respectivos grêmios culturais.
Ariel
Argobe – Os duzentos mil reais serão utilizados com aquisição de materiais para
confecção do espetáculo artístico. E a estrutura, necessária para encenação do
espetáculo, de onde virá e com que dinheiro será pago?
Ariel
Argobe – Depois de firmado este acerto com a Superintendência de Cultura do
Estado, os representantes das associações culturais de bumbá estão acompanhando
o andamento do processo?
Edileuza
– Quem está incumbida desta tarefa e a Secretária de Cultura do Município,
Professora Wisnete Ojopi e, segundo informações da Secretária, o processo segue
trâmites burocráticos e que ela está aguardando informações mais precisas, em
especial, se o processo já foi licitado e se a compra do material já está sendo
providenciada. Estamos aguardando estas informações.
Bumbódromo de Guajará-Mirim |
Edileuza
– Da forma como está se desenhado o projeto, nós não vamos poder contratar –
como sempre fizemos – artistas de Parintins, de Guajará-Mirim e Porto Velho.
São estes profissionais que realmente confeccionam as alegorias, fantasias e
adereços, auxiliados pelos nossos brincantes, que ajudam de todas as formas e
em todas as tarefas, com mão de obra voluntária. Se a SECEL vai bancar a estrutura (camarotes,
arquibancadas, banheiros químicos, sonorização, iluminação, palco, barracas,
dentre outros), e sendo os duzentos mil reais somente para aquisição de material,
temos, assim, realmente um problema muito serio, para o qual ainda não temos
solução: o dinheiro para contratação de mão de obra. Estamos discutindo como
vamos resolver.
Ariel
Argobe – Tratando ainda sobre recursos financeiros, tem alguma outra fonte
sinalizada, uma porta a ser aberta e, assim, se resolver a questão da
contratação de mão de obra?
Edileuza
– Como o financiamento é público, então nós não vamos poder cobrar bilheteria e
nem camarotes. Estamos preocupados e discutindo como vamos resolver esta
pendência. Aliás, o próprio bumbódromo é um problema sério a ser resolvido, uma
vez que está interditado. É uma conversa que iremos ter com o Ministério Público,
Corpo de Bombeiro Militar e SECEL. Na última reforma realizada no bumbódromo,
em 2013, alguns problemas sérios sinalizados naquela época, ainda não foram resolvidos.
Para fazer o Duelo da Fronteira no bumbódromo, é necessário executar obras de
reparos e instalar alguns equipamentos que garantam padrões mínimos de
segurança. Entendemos que esta é uma tarefa do Estado, já que aquela estrutura
pertence ao Governo de Rondônia.
Estruturas de alegorias do Malhadinho (último festival, 2012) |
Edileuza - Sentimento de descaso e abandono.
Abandono por parte das autoridades e descaso total por parte da população. A
população tem que abraçar o festival. Tem que defender como coisa nossa e
necessária. Para população e autoridades fica aqui nossa mensagem e apelo: por
favor, não deixem morrer o nosso festival e nem a cultura de Guajará. O
festival é uma rica tradição do nosso município; um grandioso espetáculo que
emociona a todos nós. Sabemos que este ano, com o pouco dinheiro a ser
disponibilizado, não será possível fazer um festival de primeiro porte, como
aconteceu em anos anteriores, mas vamos fazer da melhor e mais bonita forma
possível. E, para manter a tradição, realizaremos o festival com perfil de concurso,
como sempre foi, e acontecerá mesmo em agosto.
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