segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

AS RUAS FALAM SOBRE NÓS



          
             As ruas das cidades falam conosco; contam de seus desejos, anseios e problemas. Ruas e praças falam o que o povo quer dizer. Falam através de seus muros, calçadas, pavimentações, placas, cartazes ou, simplesmente, dependendo do estado de conservação de avenidas, ruas e praças, a própria cidade já diz, doloridamente, tudo o que pensa sobre seu povo e seus governantes. Invariavelmente, são verdades nuas, cruas e doídas. Falam silenciosamente ou com estardalhaço; de maneira séria ou com deboche, mas sempre falam. Em alguns momentos, nossas ruas falam o que não queremos ouvir, pois falam quem somos nós e como as tratamos.

“A voz do povo é a voz de Deus”. Este é um ditado bastante popular no Brasil, dito e repetido por todas as classes sociais, homens e mulheres, brancos, negros e índios, ricos e pobres. Se a “voz da rua é a voz do povo” e se a “voz do povo é a voz de Deus”, tolo é quem “faz ouvido de mercador”.

           
           Autoridades de todos os níveis de governo, empresários e o cidadão, do mais simples ao mais erudito, todos, sem restrições, devem atentar, sempre, ao que o povo está dizendo através de placas, cartazes, pichações e as mais variadas formas de expressões populares, encontradas em ruas, praças e avenidas. Quais são suas queixas? O que o povo expressa sobre sonhos e desejos? O que repudiam e condenam? Quais são suas decepções? Em que ou em quem deixaram de acreditar? As ruas falam. As ruas enaltecem. Mas também condenam.

Quem circula pela cidade que detém o codinome de Pérola do Mamoré deve está estarrecido com o volume de falas tristes e desalentadoras; de protestos revoltosos ou de queixas debochadas, vindo das ruas de Guajará, e que reverberam por toda cidade, traduzindo o sentimento de uma população decepcionada com seus governantes e representantes incapazes de darem respostas eficazes e suficientes para sanar os problemas da cidade; com seus empresários que, gananciosamente se apropriam de passeios, logradouros e espaços públicos para venderem mais e multiplicarem seus lucros; com seu cidadão que insiste em fazer das ruas e avenidas da cidade, depósito para o lixo doméstico e entulhos de construções.

“O pior cego é o que não quer ver”. As ruas de Guajará-Mirim estão, insistentemente, nos dizendo de como estamos tratando a cidade. Seria de bom alvitre ouvir mais atentamente as vozes que vêm das ruas da Pérola do Mamoré, para mais tarde não querer “tapar o sol com a peneira” e, diante de tanto insucesso, “chorar as pitangas”. “Quem avisa amigo é”,  e nossas ruas estão  mandando avisos a todos.

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