As ruas das cidades falam
conosco; contam de seus desejos, anseios e problemas. Ruas e praças falam o que
o povo quer dizer. Falam através de seus muros, calçadas, pavimentações,
placas, cartazes ou, simplesmente, dependendo do estado de conservação de
avenidas, ruas e praças, a própria cidade já diz, doloridamente, tudo o que
pensa sobre seu povo e seus governantes. Invariavelmente, são verdades nuas,
cruas e doídas. Falam silenciosamente ou com estardalhaço; de maneira séria ou
com deboche, mas sempre falam. Em alguns momentos, nossas ruas falam o que não
queremos ouvir, pois falam quem somos nós e como as tratamos.
“A voz
do povo é a voz de Deus”. Este é um ditado bastante popular no Brasil, dito e
repetido por todas as classes sociais, homens e mulheres, brancos, negros e
índios, ricos e pobres. Se a “voz da rua é a voz do povo” e se a “voz do povo é
a voz de Deus”, tolo é quem “faz ouvido de mercador”.
Autoridades de todos os níveis de governo, empresários e o cidadão, do mais simples ao mais erudito, todos, sem restrições, devem atentar, sempre, ao que o povo está dizendo através de placas, cartazes, pichações e as mais variadas formas de expressões populares, encontradas em ruas, praças e avenidas. Quais são suas queixas? O que o povo expressa sobre sonhos e desejos? O que repudiam e condenam? Quais são suas decepções? Em que ou em quem deixaram de acreditar? As ruas falam. As ruas enaltecem. Mas também condenam.
Quem
circula pela cidade que detém o codinome de Pérola do Mamoré deve está estarrecido
com o volume de falas tristes e desalentadoras; de protestos revoltosos ou de
queixas debochadas, vindo das ruas de Guajará, e que reverberam por toda cidade,
traduzindo o sentimento de uma população decepcionada com seus governantes e
representantes incapazes de darem respostas eficazes e suficientes para sanar
os problemas da cidade; com seus empresários que, gananciosamente se apropriam de
passeios, logradouros e espaços públicos para venderem mais e multiplicarem
seus lucros; com seu cidadão que insiste em fazer das ruas e avenidas da
cidade, depósito para o lixo doméstico e entulhos de construções.
“O
pior cego é o que não quer ver”. As ruas de Guajará-Mirim estão,
insistentemente, nos dizendo de como estamos tratando a cidade. Seria de bom alvitre
ouvir mais atentamente as vozes que vêm das ruas da Pérola do Mamoré, para mais
tarde não querer “tapar o sol com a peneira” e, diante de tanto insucesso, “chorar
as pitangas”. “Quem avisa amigo é”, e nossas ruas estão mandando avisos a todos.
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