quarta-feira, 16 de outubro de 2013

PRAIA DO ACÁCIO: POPULAR E BEM AÍ



Mesmo contrariando todos os projetos políticos de todas as gestões municipais que chegaram ao Palácio Pérola do Mamoré, nas últimas duas décadas, a cidade de Guajará-Mirim se coloca no cenário regional, de forma paulatina e autentica, como importante roteiro turístico para centenas de visitantes que diariamente desembarcam na cidade.

            Alheios aos potenciais turísticos da Pérola do Mamoré – vocações inegavelmente com fortes possibilidades de promover o desenvolvimento do município - autoridades e empresários insistem em discutir projetos de desenvolvimento local, equivocadamente, em qualquer outro viés que não o do turismo cultural, de negócio, ambiental e religioso.

            No quesito potencial natural, Guajará esbanja oportunidades ainda não exploradas. Basta olhar para extensão territorial do município e sua área de preservação permanente. Atrações naturais inexploradas existem por todos os lados, inclusive na região urbana da cidade.

            A Praia do Acácio, por exemplo, que anualmente emerge do fundo do Rio Mamoré no alto verão, contornando parte da margem direta do rio, em perímetro urbano, muito provavelmente é o mais significativo exemplo de lazer natural e ao alcance de todos. Muito mais que lazer, a Praia do Acácio, quando exposta, adorna a cidade de singular beleza natural.

            Em um passado recente, esta vasta área de puro lazer que a natureza oferece gratuitamente, teve seus dias de glória. Foi point de ricos e pobres, nobres e plebeus, de poetas e historiadores: É que na meninice passeio bom nos levava ou a Praia da “Boca” do Pacaás ou à Praia do Acácio. Ambas no período da seca surgem dadivosas, a ofertar lazer, sem cobrar “nadica” de nada e ainda não reclamam quando alguém, distraído, deixa por sobre as suas areias, latas, bitucas de cigarros, plásticos e outros materiais danosos ao meio ambiente” (Crônicas Guajaramirenses, Paulo Cordeiro Saldanha).

A Praia do Acácio, hoje, é a principal pedida de lazer apenas para descamisados, os desprovidos de toda sorte e bens, para bolivianos e brasileiros excluídos, moradores dos bairros periféricos de Guajará-Mirim. O segmento abastado e conservador da sociedade local torce a cara quando se fala em Praia do Acácio, e logo lhe tasca a peste de ‘praia do bosta’. Desdenham daqueles que frequentam a mais antiga área de lazer natural da Pérola do Mamoré. Os mais descolados, rumam para balneários badalados, localizados há alguns quilômetros da cidade.

O poder público – desconsiderando sempre os potenciais turísticos da cidade – jamais fez qualquer tipo de investimento naquela área, para dotar de equipamentos e estrutura urbanística adequada e necessária a Praia do Acácio, para atender ao turista e usuários com dignidade e, assim, melhor explorar toda potencialidade praiana da cidade, gerando ocupação, emprego, renda e o desenvolvimento turístico de Guajará.

            Não existem lixeiras em toda extensão da área da praia. O lixo produzido pelos banhistas é despejado na própria areia ou no rio. Além de diversos caminhos sinuosos, que recortam as barracas do Rio Mamoré, uma estradinha de chão, indo pelo Bairro do Tamandaré, é o principal caminho de cesso que leva ao mais antigo lazer natural de Guajará.

           
Para quem quer redescobrir a cidade, conhecer nossa gente simples, ter uma grande tarde de lazer, banhando-se nas águas deliciosa do Rio Mamoré, recomendo a Praia do Acácio, é bem aí. Ao entardecer, o banhista ainda desfrutara, como brinde especial ofertado pela natureza, de um maravilhoso por do sol, que faz do céu e da luz refletida nas águas do Mamoré, uma pintura impressionista de Van Gogh.

Ariel Argobe é Artista Plástico e funcionário público da Universidade Federal de Rondônia.

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