Mesmo contrariando todos os projetos políticos de todas
as gestões municipais que chegaram ao Palácio Pérola do Mamoré, nas últimas
duas décadas, a cidade de Guajará-Mirim se coloca no cenário regional, de forma
paulatina e autentica, como importante roteiro turístico para centenas de
visitantes que diariamente desembarcam na cidade.
Alheios aos potenciais turísticos da Pérola do Mamoré – vocações
inegavelmente com fortes possibilidades de promover o desenvolvimento do
município - autoridades e empresários insistem em discutir projetos de
desenvolvimento local, equivocadamente, em qualquer outro viés que não o do
turismo cultural, de negócio, ambiental e religioso.
No quesito potencial natural, Guajará esbanja oportunidades
ainda não exploradas. Basta olhar para extensão territorial do município e sua
área de preservação permanente. Atrações naturais inexploradas existem por
todos os lados, inclusive na região urbana da cidade.
A Praia do Acácio, por exemplo, que anualmente emerge
do fundo do Rio Mamoré no alto verão, contornando parte da margem direta do
rio, em perímetro urbano, muito provavelmente é o mais significativo exemplo de
lazer natural e ao alcance de todos. Muito mais que lazer, a Praia do Acácio,
quando exposta, adorna a cidade de singular beleza natural.
Em um passado recente, esta vasta área de puro lazer que
a natureza oferece gratuitamente, teve seus dias de glória. Foi point de ricos e pobres, nobres e
plebeus, de poetas e historiadores: “É que na meninice passeio bom nos levava ou a Praia
da “Boca” do Pacaás ou à Praia do Acácio. Ambas no período da seca surgem
dadivosas, a ofertar lazer, sem cobrar “nadica” de nada e ainda não reclamam
quando alguém, distraído, deixa por sobre as suas areias, latas, bitucas de
cigarros, plásticos e outros materiais danosos ao meio ambiente” (Crônicas
Guajaramirenses, Paulo
Cordeiro Saldanha).
A
Praia do Acácio, hoje, é a principal pedida de lazer apenas para descamisados,
os desprovidos de toda sorte e bens, para bolivianos e brasileiros excluídos,
moradores dos bairros periféricos de Guajará-Mirim. O segmento abastado e
conservador da sociedade local torce a cara quando se fala em Praia do Acácio, e
logo lhe tasca a peste de ‘praia do bosta’. Desdenham daqueles que frequentam a
mais antiga área de lazer natural da Pérola do Mamoré. Os mais descolados,
rumam para balneários badalados, localizados há alguns quilômetros da cidade.
O
poder público – desconsiderando sempre os potenciais turísticos da cidade –
jamais fez qualquer tipo de investimento naquela área, para dotar de
equipamentos e estrutura urbanística adequada e necessária a Praia do Acácio,
para atender ao turista e usuários com dignidade e, assim, melhor explorar toda
potencialidade praiana da cidade, gerando ocupação, emprego, renda e o
desenvolvimento turístico de Guajará.
Não existem lixeiras em toda extensão da área da praia. O
lixo produzido pelos banhistas é despejado na própria areia ou no rio. Além de
diversos caminhos sinuosos, que recortam as barracas do Rio Mamoré, uma
estradinha de chão, indo pelo Bairro do Tamandaré, é o principal caminho de cesso que
leva ao mais antigo lazer natural de Guajará.
Para quem quer redescobrir a cidade, conhecer nossa gente
simples, ter uma grande tarde de lazer, banhando-se nas águas deliciosa do Rio
Mamoré, recomendo a Praia do Acácio, é bem aí. Ao entardecer, o banhista ainda
desfrutara, como brinde especial ofertado pela natureza, de um maravilhoso por
do sol, que faz do céu e da luz refletida nas águas do Mamoré, uma pintura
impressionista de Van Gogh.
Ariel
Argobe é Artista Plástico e funcionário público da Universidade Federal de
Rondônia.
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