ACIDENTES
E TRAIÇÕES EMBALAM O FESTIVAL DE GUAJARÁ
"Sou o levantador de toadas e não bailarino", diz Sando Menacho |
Nos dias 10, 11 e 12 de
agosto de 2012, estará acontecendo na bucólica Guajará-Mirim, pacata cidade
localizada na fronteira do Brasil coma Bolívia, o mais extraordinário confronto
estético de bumbá da região, certame de cultura popular que só perde em
monumentalidade para o grandioso festival de Parintins.
O festival de Guajará-Mirim,
também conhecido como Duelo na Fronteira, coloca frente a frente, em acirra
disputa, o Boi Bumbá Flor do Campo (Vermelho) e Boi Bumbá Malhadinho (Azul).
A
pequena Guajará-Mirim se divide ao meio por conta desta grande disputa,
atraindo os olhares de turistas do Brasil e do mundo inteiro.
Muitas batalhas são travadas
antes da grande luta final, que está marcada para acontecer no Bumbódromo da
cidade, o “Coliseu Tupiniquim” da Pérola do Mamoré.
Na guerra de bastidores vale
tudo, inclusive seduzir artistas do boi contrário com vultosos cachês. Esta tática, adotada com frequência por emissários da Nação Azul e Branca tem esvaziado
ateliês e barracões do Boi-Bumbá Flor do Campo.
Kilderi, artista da Equipe
do Grande Coreógrafo Falcão, vindo de Parintins contratado pela Diretoria
Vermelha, foi a última baixa nas fileiras de artífices do Flor do Campo.
No último domingo, dia 22, Kilderi saiu para um passeio e ao retornar
para o Ateliê de seu Mestre Falcão, foi só para pegar as malas, pois o mesmo já
havia sido seduzido e encantado pelo “canto da iara azul”.
E assim caminha o Festival
de Guajará-Mirim, recheado de traições, rasteiras e trapaças por trás das
cortinas do grande palco.
Não bastando as
intermináveis rasteiras de bastidores, o inesperado também contribui para
elevar a tensão na região. Ontem, 25, o levantador de toadas Sandro Menacho
sofreu um acidente de trânsito e foi encaminhado para Porto Velho, para
atendimento de emergência no Hospital João Paulo II.
Sandro Menacho adianta ao
Contrário agourento que a fratura no dedão do pé não o impedirá de entrar na
arena do bumbodrómo e cumprir com o seu papel. Sandro lembra que é o Levantador
de Toadas e não bailarino. Quem viver verá!
Ôôôô... Ariel... quanta maldade, amigo do contrário.
ResponderExcluirTem que verificar a "disposição" do artista em trabalhar no barracão que o contratou inicialmente. Temos casos de artesãos que chegaram e, insatisfeitos com as condições (diferentes das oferecidas), bandearam-se para os galeões "inimigos". E nãoé caso de Guajará Mirim. Aqui em Porto Velho já tivemos vários casos assim.
Contrata-se por telefone ou no melhor bate-papo. E, quando chega na hora do "trampo" as coisas mudam drasticamente. O artesão tem o direito de escolher onde quer trabalhar.
De qualquer forma, endosso seu pensamento de que as nações não devem contratar mão-de-obra previamente contraada pelo contrário. É uma questão de ética, além de honra pessoal.
De minha parte, quando estive nas fileiras de frente, não aceitava sequer que fossem tecidos comentários sobre o contrário. A concentração tinha que ser exclusiva sobre nosso trabalho.
Quanto ao Sandro, espero em Deus que sua recuperação seja breve. A arena o espera. E lá estará nosso tenor Tanny Melhem, a "Voz Maviosa da Amazônia.
Abração.
Você, caro Quintela, sempre ponderado e pertinente. É óbvio que tens razão em seu comentário. O que me deixa perplexo não é o fato do contrário oferecer uma proposta melhor. É o artista nem justificar sua saída. "Saiu para um passeio e voltou só para pegar as malas. Tenho dito em nossa Diretoria, repetidas vezes, que temos que estudar melhor os artistas que buscamos em Parintins, ou em qualquer outra cidade. Além de bons profissionais, devem também ter compromisso com a ética. Grande abraço, amigo e obrigado pela contribuição.
ResponderExcluirAmigos, para contribuir com o debate: mesmo chegando à maioridade do Duelo, ainda há a necessidade de contratação de tantos artistas de Parintins? Não se trata de xenofobismo mas de valorização da mão de obra local. Em contrapartida, imagino que sempre é bom contar com profissionais de Parintins para dar uma grande suporte técnicos nas fileiras dos Bumbás. E que tal se os nossos nativos pudessem fazer um período de vivência lá na ilha? Vocês que estão na linha de frente podem responder com mais propriedade.
ResponderExcluirGrande abraço e sucesso às duas Nações!
Dayan Saldaanha