Após
anuncio da morte do líder da Revolução Cubana Fidel Castro, em
Havana, na noite de 25 de novembro de 2016, aos 90 anos, as
redes sociais virilizaram milhões de informações sobre o feito de
Fidel, sobre Cuba e seu povo, por vezes postadas por admiradores e
defensores da ilha pós-Fidel, ora divulgadas por contrários e
críticos ferrenhos ao comandante e aos ideais socialistas.
Neste
clima, de defesas e acusações apaixonadas fiz minhas postagens,
contribuindo com o debate democrático nas redes. Dentre tantas,
divulguei um meme que tem circulado com frequência nas redes
sociais que, de um lado denuncia as 136.288 mortes de opositores e
criminosos do regime comunista cubano, ocorridas entre os anos de
1959 a 2014 e, de outro lado compara os números cubanos com os 154
homicídios, em média, que acontecem no Brasil, por dia.
Foi
o suficiente para uma longa discussão virtual, que está rolando até
agora nas redes sociais, com postagem e comentários enfurecidos,
revoltados, apaixonados, românticos e idealizados, de ambos os
lados. Pra mim, sem problema algum, enquanto o debate acontecer no
plano das ideias, em parâmetros democráticos, republicano e
respeitoso.
Manifestantes pró impeachment |
Depois
de algum tempo, ao se esgotarem
argumentos lógicos e palpáveis de
um lado do debate (tudo indica),
passou-se, então, à agressão pessoal:
“Kkkkkk que discurso mais idiota”; “Ele esta bêbado eu acho”
(sic).
Então
não posso pensar diferente? Se assim o fizer, trata-se de um
“discurso idiota”? Não posso acreditar em um regime socialista
e, menos ainda, fazer sua defesa, sob risco de ser acusado de
alcoólatra?
Os
críticos
de Cuba e da Revolução Cubana, histericamente ostentam
o número de mortos do período de tomada do poder e consolidação
do atual regime, denunciando as
'atrocidades' de Fidel e,
não raro, o fazem de
forma agressiva e arrogante, agridindo
seus interlocutores nas redes sociais, por não admitirem
posicionamento contrário.
Me
pergunto: se a discussão fosse travada em espaço presencial, será
que eu estaria vivo? Quem já não leu notícias, inclusive nas redes
sociais, de pessoas que foram humilhadas e agredidas física e
psicologicamente, pelo simples fato de transitarem em via pública
com vestes vermelhas?
Manifestante pró impeachment |
Acusam
o regime cubano de ditatorial, violento e assassino, porém, há
pouquíssimo tempo atrás, milhões de brasileiros – estes mesmos
que acusam o regime da ilha - foram às ruas, pedir o retorno da
ditadura militar. Alguns, os mais exaltados, ostentavam cartazes,
pedindo a morte dos 'esquerdopatas'.
Contudo,
para estes, o
assassino sanguinolento é Fidel. O
mostro, o bandido, o crápula é
o outro, é aquele
que pensa e defende o excluído,
o diferente; o
que ousa discursar em favor de
um regime comunista, socialista ou progressista. Este
é o bandido perigoso.
A
média de 154 homicídios que
ocorrem diariamente no Brasil
são apenas lamentáveis estatísticas que
não vem ao caso. Não
interessa levantar os números
e
fazer a discussão das
causas. Certamente os que
morreram – negros, pobres, putas
e analfabetos – não se esforçaram para viver ou vencer.
Não
há dúvidas que a Cuba do período Fungêncio Batista pensava assim
também, de forma coxesca, o que levou à Revolução Cubana. Tudo
leva a crer que há um 'tiquinho' de Fugêncio Batista em cada
coxinha brasileira, em cada adorador do pato amarelo de plástico, em
cada manifestante que compõe a legião de golpista vestida com a
camisa da CBF.
'Hasta
la victoria siempre'.